Temer, sobre Previdência: não joguei a toalha -
São Paulo - Um dia após afirmar que "já fez sua parte" em relação à reforma da Previdência, o presidente Michel Temer negou que tenha desistido do projeto e afirmou que está trabalhando junto aos parlamentares para chegar aos 308 votos necessários. Nas contas do emedebista, que deu entrevista ao RedeTV News na noite desta sexta-feira, 2, faltam ainda entre 30 e 40 votos para colocar o tema em votação.
"Eu nem peguei a toalha ainda, imagina jogá-la", respondeu Temer ao ser questionado se tinha desistido do projeto. Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, concedida na quinta-feira, o emedebista havia declarado considerar que já fez sua parte nas reformas e que "agora é preciso convencer o povo, porque o Congresso sempre ecoa a vontade popular".
Segundo Temer, o que não pode é arrastar a discussão da Previdência por todo o ano. "Temos que votar (a reforma) no mês de fevereiro. Estamos avançando com o tema em relação aos parlamentares e temos contabilizados 271 votos. Então faltam 30 e poucos votos, 40 votos", disse.
Questionado se o governo pretende colocar o projeto para votação mesmo sem ter os 308 votos necessários, o presidente disse que isso será decido "até o dia da votação".
Em relação ao projeto, Temer voltou a negar que ele pune os mais pobres, uma vez que deixa de fora os trabalhadores rurais e prevê regras mais amenas para os do Benefício de Prestação Continuada (BCP). Ele também reiterou que a reforma é baseada no princípio da igualdade, uma vez que faz os trabalhadores privados e servidores públicos obedecerem às mesmas regras e o mesmo teto. "Servidor que ganha acima do teto terá que fazer previdência complementar", disse, acrescentando que o Judiciário - um dos setores que mais resiste à reforma - tem dado mostras de corporativismo, mas que parte de seus membros admite o mérito do projeto.
Lembrando que o déficit previdenciário em 2017 foi de R$ 268 bilhões e que pode chegar a R$ 320 bilhões este ano, o presidente alertou ainda que a não aprovação do projeto pode fazer o País "quebrar" e passar por uma situação semelhante à de alguns Estados brasileiros hoje ou de países no exterior, onde os benefícios foram atrasados ou mesmo reduzidos.