Tendências e Rosenberg veem economia mais fraca em 2015
São Paulo - Os resultados negativos do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) de janeiro devem se intensificar nas leituras referentes a fevereiro, avalia o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências. "Tanto a produção industrial como o varejo não têm sinais muito favoráveis e, mesmo com resultados positivos na margem, em janeiro, apresentaram desempenhos negativos importantes na comparação com o ano anterior", destaca o especialista. Segundo Bacciotti, este movimento reforça a percepção de fraqueza da atividade.
Para ele, o primeiro semestre do ano deve registrar um movimento mais intenso de retração da economia em 2015. Na segunda metade do ano, no entanto, deve haver uma leve recuperação. "Esperamos que o primeiro e o segundo trimestres venham mais fracos, com queda de 0,4%, na média", pontuou. "No segundo semestre, o resultado médio deve ser positivo em 0,4%", projetou o especialista. A estimativa da Tendências para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 é de recuo de 1,2%.
Opinião semelhante tem a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara, para quem o resultado do IBC-Br referente ao mês de janeiro confirma a tendência de contração da economia neste ano. "Esperamos que o PIB tenha uma contração de 1,5% neste ano. O resultado do IBC-Br não veio tão longe das expectativas", ponderou.
Questionada sobre se a queda de 0,11% na comparação com dezembro e de 1,75% na relação com janeiro de 2014 teria alguma relação com as medidas anunciadas pela nova equipe econômica do governo Dilma Rousseff, Thais descartou a possibilidade. "Isso ainda não aparece. Existe uma defasagem", explicou.
Ela reforçou, no entanto, que os efeitos não só do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, como as consequências na economia da operação Lava Jato devem afetar os resultados do IBC-Br a partir dos próximos meses. "Vai ter uma piora, não só em consequência ao ajuste fiscal, mas devido a toda a conjuntura econômica", disse, apontando ainda os efeitos das investigações sobre desvios na Petrobras em toda a cadeia de óleo e gás.
Com base nesse raciocínio, Thais Zara avalia que a atividade econômica deve registrar quedas ainda mais intensas nos próximos meses, pesando sobre os resultados do PIB ainda no primeiro trimestre de 2015. Mesmo não tendo um número fechado para o Produto Interno Bruto de janeiro a março, a Rosenberg projeta um resultado negativo.
Thais Zara avalia ainda que o desempenho da produção industrial no primeiro mês do ano deve ter sido o principal fator que influenciou de forma negativa a índice da autoridade monetária em janeiro. "Apesar de a indústria ter tido um resultado positivo na margem, houve queda na comparação interanual", afirmou.