Trabalhadores farão passeata até a Petrobras na 4ª feira contra desinvestimento
Rio - Perto de 7 mil trabalhadores metalúrgicos que atuam no setor naval planejam para a quarta-feira, 4, uma passeata saindo do município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, em direção à sede da Petrobras, no centro do Rio. Eles querem ser recebidos pelo novo presidente da estatal, Aldemir Bendine, para debater sobre o programa de venda de ativos, anunciado na segunda-feira, 2, pela empresa.
O ato está sendo liderado pelos sindicatos dos metalúrgicos do Rio, Niterói e Angra dos Reis (RJ), que representam trabalhadores de 11 empresas fornecedoras da Petrobras, na construção de navios e plataformas. O principal receio dos sindicatos é o de que a Transpetro, empresa de logística da petroleira, seja incluída no plano de desinvestimento, e, com isso, o projeto de construção de navios seja paralisado, desempregando os trabalhadores da indústria naval.
"Não queremos voltar à década de 90, de falência do setor naval. O que está em questão é o investimento que os trabalhadores fizeram em suas vidas, estudando, se preparando para o mercado. Se o setor naval parar, vai desempregar cerca de 160 mil trabalhadores, mais 20 mil envolvidos na produção de insumos", ressalta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Metalúrgica de Niterói e Itaboraí, Edson Rocha.
Diálogo
Ele reclama da falta de diálogo com a atual diretoria da Petrobras. "Estávamos acostumados com uma Petrobras que ouvia o trabalhador antes de tomar decisões que possam comprometer empregos. Com a entrada da nova diretoria, pararam de nos ouvir e começaram a tomar decisões unilateralmente. A passeata é para tentarmos ser ouvidos pela nova direção", afirmou Rocha.
Ele disse ainda que os empregados do setor naval foram surpreendidos com a notícia de que a Petrobras vai vender US$ 13,7 bilhões em ativos, neste e no próximo ano.
Rocha contabiliza a extinção de 7 mil empregos no setor naval desde o início das investigações da Polícia Federal, na Operação Lava Jato. A mais recente preocupação é com a manutenção das vagas de trabalho no consórcio Integra Offshore, uma parceria da OSX com a construtora Mendes Júnior, contratado pela Petrobras para construir módulos e integrar as plataformas P-67 e P-70. A OSX está em processo de recuperação judicial enquanto a Mendes Júnior vem passando por dificuldades financeiras desde que passou a ser investigada pela PF, por uma suposta participação em um esquema de corrupção na estatal.