TCU vê superfaturamento em trechos da ferrovia norte-sul
BRASÍLIA - Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou mais uma série de irregularidades na ferrovia Norte-Sul. Entre elas, superfaturamento, liquidação suspeita de despesa, fiscalização e supervisão deficiente e projeto de engenharia desatualizado, entre outras.
No Lote 12 da Norte-Sul, entre os municípios de Aguiarnópolis e Palmas, no Estado de Tocantins, foi confirmado um superfaturamento de R$ 37,3 milhões em obras tocadas pela empreiteira SPA Engenharia. O contrato firmado em 2007 tem valor global de R$ 299,6 milhões. Depois de vários aditivos, foi a R$ 372,7 milhões.
Numa primeira avaliação, o TCU já havia apontado superfaturamento de R$ 69,2 milhões. Depois de ouvir os argumentos da SPA, o tribunal revisou os a conta, mas considerou superfaturamento de R$ 37,3 milhões.
Como as obras já foram 100% executadas e o valor total foi pago, o TCU determinou que seja instalado um processo especial de tomada de contas para ressarcir os cofres da Valec, estatal responsável pela obra.
Pendências. Em um segundo processo, o tribunal analisou outros cinco lotes. Neles, também foram identificados superfaturamentos, com pagamento por serviços não executados e preços excessivos frente aos do mercado. O TCU determinou a instauração de processos por lote para quantificar os débitos e identificar os responsáveis.
O Estado procurou a SPA, mas a empresa informou que não tinha porta-voz disponível para comentar o assunto. Por meio de nota, a Valec afirmou que não foi ainda notificada oficialmente pelo TCU e que os apontamentos "dizem respeito aos gestores antigos da Valec". A estatal também afirmou que as decisões não afetam as obras, "uma vez que já estão concluídas e os trechos, em operação".
Recentemente, a Valec informou que concluiu um primeiro trecho de 855 km de extensão da Norte-Sul, que liga as cidades de Palmas (TO) e Anápolis (GO). A operação da malha tem previsão de ser licitada nos próximos meses. Em auditorias realizadas pelo TCU neste traçado, foram identificados erros que elevaram o custo da obra em R$ 430 milhões.
Atualmente, a Norte-Sul só opera no extremo Norte, um traçado de 719 km de extensão que liga Palmas a Açailândia, no Maranhão. A malha é utilizada pela mineradora Vale. Do lado Sul da ferrovia, que vai ligar Anápolis (GO) a Estrela D'Oeste, as empreiteiras aguardam a chegada dos trilhos para tocar as obras.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.