BC: recuperação se dará em ritmo mais gradual que estimado antes da greve
O Banco Central relatou nesta terça-feira, 7, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que o colegiado debateu na semana passada a evolução da atividade econômica à luz das informações disponíveis, considerando os efeitos da greve dos caminhoneiros que ocorreu no fim de maio. "Indicadores disponíveis desde então apontam para recuperação subsequente, embora alguns indicadores referentes a junho ainda possam sofrer influência da referida paralisação", considerou o documento. "O cenário básico do Copom contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, embora em ritmo mais gradual que o estimado antes da referida paralisação", reafirmou o BC.
Sobre a trajetória da inflação no curto prazo, os membros do Copom concordaram que a alta de preços em junho refletiu os efeitos da greve e outros ajustes de preços relativos - em referência à alta do câmbio. "Projeções de inflação para julho e agosto corroboram a visão de que os efeitos desses choques devem ser temporários", repetiu o Copom.
O Copom ainda pontuou que as diversas medidas de inflação estavam em níveis baixos antes desses choques. Por isso, o ajuste de preços relativos em um contexto de expectativas ancoradas pode ajudar a convergência da inflação para as metas, "sem constituir risco para a manutenção de sua dinâmica favorável após concluídos esses ajustes".
Mesmo assim, o colegiado julgou que cabe acompanhar a evolução da trajetória das projeções de inflação no médio e no longo prazos. O objetivo é avaliar o possível impacto mais perene de choques, tanto já ocorridos quanto os que eventualmente ocorram.
Mais uma vez o Comitê lembrou que, com expectativas de inflação ancoradas, eventuais choques que produzam ajustes de preços relativos devem ter apenas seus efeitos secundários combatidos pela política monetária. O Copom destacou novamente que sua reação a possíveis mudanças de preços relativos será simétrica, desde que
se mantenha o ambiente com expectativas ancoradas.
"A política monetária seguirá os mesmos princípios tanto diante de choques inflacionários (como no caso de um choque externo que produza depreciação cambial) quanto desinflacionários (como no caso de um choque favorável nos preços de alimentos)", afirmou o documento.
Riscos
O BC voltou a afirmar por meio da ata do último encontro do Copom que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco "em ambas as direções". Por um lado, conforme o BC, "a possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado".
Por outro lado, o BC afirma que uma "frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária".
De acordo com o BC, este risco ligado ao andamento das reformas "se intensifica no caso de continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes". Conforme o BC, estes últimos riscos - ligados à frustração com as reformas e ao processo de elevação dos juros em economias centrais - "permanecem em níveis elevados".