Economia

Sem reforma da Previdência economia terá rápida deterioração, diz economista

"Não dá para crescer pouco. Crescer pouco é privilégio para ricos, não para nós", declarou Zeina Latif

Redação Folha Vitória

A economista-chefe da corretora XP Investimentos, Zeina Latif, disse nesta segunda-feira, 6, que o ambiente macroeconômico no Brasil terá rápida deterioração se o próximo presidente encerrar o primeiro ano do mandato sem realizar a reforma da Previdência. Em palestra sobre os desafios do governo que tomará posse em janeiro, a economista avaliou que o candidato que vencer as eleições presidenciais de outubro terá que dar continuidade à agenda de reformas para evitar tanto uma forte pressão cambial quanto a estagnação da renda per capita do País.

"Não dá para crescer pouco. Crescer pouco é privilégio para ricos, não para nós", declarou Zeina, para quem a eleição deste ano será a mais importante da história do ponto de vista econômico. "Se tropeçarmos agora, estaremos comprometendo o futuro do Pais."

Ao citar a atualização das leis trabalhistas, o regime fiscal que fixou um teto aos gastos públicos e os cortes nos juros subsidiados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a economista avaliou que a agenda de reformas foi iniciada pelo governo do presidente Michel Temer (MDB), mas sem a aprovação de sua "espinha dorsal": a reforma da Previdência.

"Se o próximo presidente perder o primeiro ano de mandato sem alterar a Previdência, teremos rápida deterioração do ambiente macroeconômico", assinalou a economista da XP. Ela, ao emendar o comentário, frisou que, sem a reforma, o País vai retroceder ao quadro experimentado durante o governo de Dilma Rousseff (PT), quando, conforme lembrou, não se sabia para onde iriam os juros, a inflação e o câmbio.

Apesar dessas preocupações, Zeina transmitiu uma visão otimista sobre as eleições. Para ela, a retomada econômica, ainda que em ritmo aquém das expectativas, reduz o apelo dos discursos populistas, os candidatos não negam a necessidade da reforma da Previdência e houve um amadurecimento do debate econômico.

"Não fazer a reforma da Previdência é não terminar o mandato", comentou a economista ao avaliar que a sociedade está hoje mais madura e não aceita inflação e mais impostos.

Nesse ponto, Zeina aproveitou para criticar propostas de soluções para as contas públicas que passam por aumento da carga tributária, citando, como exemplo, a ideia de recriação da CPMF, tributo sobre movimentações financeiras. "Não dá para fazer CPMF e tocar a vida. Se fosse assim, o MDB teria feito... O MDB virar reformista diz algo sobre nosso momento."