Em ata, BCE pede a países da zona do euro que reduzam endividamento público
Dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) pediram a países da zona do euro que aproveitem a recuperação econômica da região para reduzir suas dívidas, ressaltando que o aumento nos gastos públicos de governos podem minar a força do euro.
O alerta foi feito na ata da reunião de política monetária de setembro do BCE, publicada hoje, e veio em meio a uma forte liquidação de ações e bônus da Itália num momento em que o governo populista do país está em conflito com a União Europeia por causa de seus planos de gastos.
Aumento de gastos públicos durante um período de forte expansão econômica "poderá ter um efeito negativo na resiliência", mesmo que ajude a sustentar o crescimento no curto prazo, disseram autoridades do BCE na reunião dos dias 12 e 13 de setembro, de acordo com o documento.
"O atual ambiente de taxas de juros baixas e amplo crescimento normalmente deveria levar os governos a reconstruir seus colchões fiscais, principalmente em países com alto endividamento público", diz a ata.
O governo da Itália tem sinalizado que irá buscar um déficit fiscal equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), perto do limite de 3% da UE, apesar de seu gigantesco estoque de dívida pública. Na semana passada, a UE alertou que os planos orçamentários da Itália representam um "significativo desvio" das políticas fiscais recomendadas e geram "sérias preocupações".
A disputa vem num momento em que o BCE se prepara para reduzir seu gigantesco programa de compras de ativos, conhecido como relaxamento quantitativo (QE, pela sigla em inglês), nos próximos meses.
No encontro de setembro, dirigentes do BCE indicaram que vão seguir adiante com o plano de retirar o QE gradualmente, apesar de crescentes riscos econômicos relacionados "à ameaça de protecionismo, vulnerabilidades nos mercados emergentes e volatilidade nos mercados financeiros".
"Manter a paciência, a prudência e a persistência em relação à política monetária ainda é essencial", afirma a ata.
Considerando as perspectivas e os riscos para o ambiente externo, os dirigentes do BCE concordaram no documento que a atividade global continuou a se expandir em ritmo constante. No entanto, eles relataram que houve algum enfraquecimento em relação ao comércio e consideraram que incertezas relacionadas aos fatores globais se tornaram mais proeminentes, com os riscos para o ambiente externo geralmente avaliados como inclinados para baixo.
Os integrantes também discutiram em maior detalhe o impacto do protecionismo comercial nas perspectivas globais. Além de quaisquer efeitos diretos decorrentes da imposição de tarifas, foram expressas preocupações sobre a possibilidade de que as tensões comerciais possam gerar um declínio mais geral da confiança em toda a economia global. Ao mesmo tempo, eles destacaram que os efeitos adversos da confiança no comércio e no investimento, decorrentes dr tensões comerciais, tinham sido limitados até agora e que esses efeitos estavam sujeitos a uma considerável incerteza.
A inflação foi projetada para seguir a trajetória já contida nas projeções dos especialistas em junho de 2018 e pode ser avaliada de uma forma geral em consonância com o objetivo de médio prazo do BCE. Além disso, embora as medidas de inflação subjacente permanecessem, em geral, atenuadas, elas vinham aumentando a partir dos níveis mais baixos anteriores. A ampliação das pressões internas de custos foram apoiadas pela contínua expansão econômica, altos níveis de utilização da capacidade e aumento do aperto do mercado de trabalho, o que levou ao aumento dos salários. Diante disso, "a incerteza em torno da perspectiva da inflação está recuando", apontou a ata. (Equipe AE, com informações da Dow Jones Newswires)