Tombini defende que BC manteve inflação sob controle nos últimos anos
São Paulo - O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que o "Banco Central manteve a inflação sob controle nos últimos anos, em que pese ventos contrários". Ele ressaltou que, de um lado, a conjuntura internacional foi uma das mais complexas numa perspectiva histórica, "reflexo da crise que emergiu em 2008 e da recidiva verificada em 2011", apontou. De outro lado, destacou, houve a "ocorrência de choques de preços desfavoráveis no âmbito doméstico, a exemplo dos decorrentes de condições climáticas das mais adversas, também numa perspectiva histórica". Os comentários foram feitos durante discurso no almoço de confraternização de fim de ano realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Na avaliação do presidente do BC, nos últimos anos ocorreu "expansão moderada do crédito", mercado que seguiu "evoluindo em ritmo compatível com o nível de atividade econômica. Isso ocorreu, segundo ele, pela colaboração de um sistema financeiro sólido, bem capitalizado, e com índices de inadimplência historicamente reduzidos. "Nesses últimos anos, temos observado expansão moderada do crédito, após uma década de crescimento acentuado, impulsionado pela ascensão social de parcela expressiva da população, pelo processo de inclusão financeira e pelos avanços no mercado de trabalho", comentou.
De acordo com Tombini, é esperada uma recuperação gradual do nível de atividade no Brasil, com melhora progressiva dos níveis de confiança dos consumidores e empresários. "Devo destacar que, a despeito do crescimento modesto esperado para 2014 e 2015, a perspectiva é de que ocorram mudanças na composição da demanda e da oferta agregadas que favoreçam o crescimento potencial", apontou.
Déficit em transações correntes
Tombini também afirmou que o déficit em transações correntes do Brasil tem sido financiado em boa parte por Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) há vários anos. Na avaliação dele, a redução das cotações mundiais de mercadorias importantes às exportações nacionais tem ajudado na diminuição "do superávit comercial e manutenção do déficit em transações correntes em nível superior a 3,5% do PIB", como ocorreu em 2013. "No entanto, esse déficit corrente, reflexo também da necessária complementação da poupança externa à poupança doméstica, tem sido mais que integralmente financiado pelos investimentos estrangeiros direcionados ao País, em especial os Investimentos Estrangeiros Diretos, que permanecem ingressando em montante significativo, acima dos US$ 60 bilhões por ano, e de forma disseminada entre os diversos setores da economia brasileira", disse.
Na avaliação do presidente do BC, as perspectivas para o setor externo em 2015 "são favoráveis" e se sustentam "na expectativa de maior crescimento global, na depreciação observada do real e na ampliação da produção interna de petróleo". Para ele, esses fatores devem contribuir para o melhor desempenho da balança comercial em 2015. "No próximo ano, o balanço de pagamentos brasileiro permanecerá integralmente financiado pelos fluxos de capitais de longo prazo, principalmente IED."