Colônia de férias musical para acordar os sentidos na pandemia

Para os papais ainda seguem se resguardando em casa, enquanto a vacina contra a Covid 19 não chega, a gente tem uma dica de uma Colônia de Férias Musical, online, com Cecília Cavalieri França, Ph.D em Educação Musical, autora de músicas e livros para crianças. Serão tardes de muita musicalidade, histórias, diversão e aprendizado de música, com aulas, de cerca de 1h30m, na plataforma ZOOM.

A colônia de férias terá opção de atividades para três faixas etárias: 4 a 5 anos; 6 a 7 anos e 8 a 9 anos e vai ser mais um momento gostoso no mês de janeiro, de estar com as crianças de forma divertida, sem o compromisso de um cronograma rígido de aulas. Serão encontros temáticos, com histórias, mas Cecília não adiantou muita coisa para não estragar o elemento surpresa.  Será um trabalho consistente e com conteúdos e elementos musicais, mas de uma maneira completamente lúdica e divertida.

Cecília Cavalieri França

Em nossa conversa ela falou da importância da Educação Musical para crianças, da falta de interação na pandemia e da capacidade de reinvenção.  De acordo com Cecília a Educação Musical é um direito de toda a criança, em suas palavras, “trata-se de uma janela incrível que se abre para várias possibilidades – artísticas, simbólicas, expressivas, sensíveis, intelectuais, físicas e motoras. Configura-se como uma oportunidade que toda criança merece e deve ter”, explana a educadora musical.

“A música é uma atividade ancestral, inata a nossa espécie humana, é inerente a tudo o que fazemos no cotidiano. Ela ocupa o nosso viver plenamente. E quanto mais nos apropriamos dessa forma de conhecimento, mais nos reunimos condições de interação crítica, ativa e criativa para estarmos no mundo, pois ela amplia as nossas possibilidades de escolha”, resume Cecília.

Ela afirma que nós somos uma espécie musical, nosso cérebro parece que foi concebido para processar a música. Desde o útero da mãe, o bebê é submetido a estímulos rítmicos e sonoridades diversas. E quanto mais ele tiver uma riqueza musical disponibilizada a ele – não só “musiquinha para criança” – mas contemplando timbres diferentes e estruturas diversificadas, mais o cérebro vai se desenvolver, tanto do ponto de vista do funcionamento, como da estrutura.

A educadora ressalta que é muito importante deixar a criança fazer as suas escolhas, pois uma vez desvelando o território musical livremente, com experimentações amplas, a criança poderá, mais adiante, fazer escolhas mais sensíveis, de repertórios e de gêneros musicais.

Pandemia e tecnologia

Sobre a pandemia, Cecília disse que teve que se reinventar, e ainda continua. Ela comenta que as tecnologias estão sempre mudando e que cabe ao educador se adaptar e criar novos modos de acessar as crianças. “O segredo é tentar conhecer e usufruir do que é possível e encontrar a sua afinidade com o melhor dispositivo”, observa ela, que fez uso de aplicativos musicais e de vídeos no Youtube.

Cecília voltou a produzir jogos para a educação musical, em papelão e em outros materiais concretos, para que as crianças pudessem montar, tocar e cheirar…, pois nesse contexto de “ficar em casa”, há falta de interação, e a sua preocupação é com o adormecimento dos sentidos.

No ensino remoto a educadora provoca a criança para se mexer, sair da cadeira, se aproximar e se afastar da tela, e sentir o espaço ao seu redor me pareceu crucial. “Música e movimento são completamente atrelados no cérebro. E acho inimaginável deixar de proporcionar atividades concretas, que convoque todos os sentidos” conclui Cecília.

Educação musical à distância

Imagina uma atividade humana, que é baseada na interação, na socialização, no fazer música junto, no respirar junto, naquela emoção. Fazer música através de uma tela do computador gerou uma perda drástica, por outro lado, por não ter outra escolha a gente aprendeu a fazer de maneiras, não que suprisse a distância, mas que a gente jogue, aproveite outros olhares, outras formas de comunicação, visualmente, corporalmente, a gente passa a conhecer mais o ambiente dela. Na sala ou no quarto, como ela se movimenta no espaço dela, como ela lança mão de apetrechos que estão disponíveis ali. A gente, por estar na internet, lança mão do que o mundo virtual nos permite: ferramentas e repertórios de aplicativos e mídias de streaming, vídeos de Youtube, enfim, a gente consegue enriquecer muito a aula, ao explorarmos essa tecnologia e o mundo virtual a nosso favor.  Mas nada substitui a interação, de fazermos música juntos, ajudar a criança. Muitas das coisas que a gente faz com a música, são corporais, o corpo é o primeiro instrumento, o movimento é a primeira expressão, a primeira leitura musical. Então ficar para do em frente a uma tela é complicado.

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