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The Sonics volta após quase 50 anos e virá ao Brasil

Redação Folha Vitória

São Paulo - Era um som selvagem. "Baby, you're driving my crazy", cantava (ou berrava, como queira) Jerry Roslie, voz dos primeiros rebeldes, os Sonics, ainda na década de 1960. Era controverso, animalesco, poderoso. O grupo chegou ao fim antes do que poderia, em menos de oito anos, mas não sem deixar marcas profundas no rock como conhecemos. O Stooges, responsável por ajudar a criar o punk rock que viria nas décadas seguintes, e Strokes, banda que ressuscitou as guitarras, na década de 2000, nasceram com quarenta anos de diferença entre eles, mas, ainda assim, as duas bandas revolucionárias beberam de uma mesma fonte: a selvageria do The Sonics.

O grupo está de volta, renovado e ainda com o gás juvenil. "É melhor você sentar, porque não vai acreditar quando eu disser que tenho 70 anos", brincou Roslie, em entrevista exclusiva ao Estado, para divulgar o retorno do grupo, com direito a um novo disco e uma primeira passagem pelo Brasil, em 5 de março, na casa de show Audio Club, em uma realização da marca Levi’s. "É uma grande aventura para nós. Nunca saímos de perto de casa, quero dizer, até fomos para o Japão e Austrália, mas a América do Sul é diferente", explica Roslie. "Ouvimos que é uma espécie de paraíso tropical. Espero que vocês gostem e façamos mais turnês por aí."

A versão 2015 do Sonics inclui Roslie (voz e teclado), Rob Lind (saxofone) e Larry Parypa (guitarra), da formação clássica, ao lado de Dusty Watson (bateria) e Freddie Dennis (baixo). "Todos nós demos 100%, felizes por estar nessa banda", explica ele.

Em 1966, com razoável sucesso graças às músicas The Witch e Psycho, cujo verso é citado no início do texto e ainda é capaz de fazer os corpos se mexerem nas pistas de dança, e dois discos lançados, o Sonics trocou a gravadora Etiquette Records para se juntar a Jerden Records. Pouco depois, Roslie decidiu deixar o grupo. O Sonics se desfez logo na sequência. "Éramos muito jovens, quase adolescentes", relembra o líder do grupo. "Acho que, às vezes, você não sabe o que tem até tê-lo perdido. Não havíamos percebido o que tínhamos. Éramos muito sortudos por ter nossa primeira música, The Witch, chamando tanta atenção, mesmo que várias rádios haviam se recusado a tocá-la", completa ele, rindo das lembranças do tempo em que a banda era considerada "adoradora do diabo" por causa do single.

O novo álbum, This is the Sonics, será lançado em 31 de março, no mesmo mês da passagem da banda pelo Brasil, seguido por uma turnê pelos Estados Unidos, ao longo do mês de abril. O futuro, depois disso, ainda é uma incógnita até mesmo para Roslie. "Estamos definitivamente felizes por estarmos todos juntos e acho que todos nós gostaríamos de continuar (com o The Sonics). Se as pessoas gostarem, vamos continuar."

Roslie tem três filhos, todos com mais de trinta anos de idade. Nenhum estava vivo para presenciar o sucesso meteórico do The Sonics, em meados dos anos 1960. Há dois anos, quando a ideia do retorno realmente tomou forma, o avô Roslie contou aos filhos que planejava ressuscitar a antiga banda. "Eles ficaram felizes", conta. "Meus filhos diziam que não sabiam como eu havia conseguido ficar 40 anos longe de tudo isso, mas eu tinha outro emprego (em uma empresa de pavimentação e, depois, em uma construtora)." Voltar a compor, contudo, foi fácil, garante Roslie, ao citar o contemporâneo dele Mick Jagger. "Está no sangue. It’s only rock and roll, but I like it."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.