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Mostra 'Mulheres Radicais' resgata produção latina

Redação Folha Vitória

Mesmo no Brasil, um dos poucos países que podem se orgulhar por ter mulheres entre os maiores cânones de sua história da arte, a produção feminina não é tão reconhecida quanto deveria. No restante da América Latina, a situação de esquecimento é ainda pior, mesmo no que diz respeito a uma fase de tanta efervescência no trabalho de artistas mulheres, como foi o período após a Segunda Guerra Mundial.

Para tentar resgatar essas histórias, uma dupla de curadoras, a venezuelana Cecilia Fajardo-Hill e a argentina Andrea Giunta, levou cerca oito anos para mapear e catalogar a produção dessas mulheres. O resultado é uma exposição, que chega ao Brasil neste sábado, 18, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Mulheres Radicais - Arte Latino-Americana, 1960-1985 fez sua estreia no Hammer Museum, de Los Angeles, e passou também pelo Brooklyn Museum.

"Começamos com o plano de falar sobre o pós-guerra, mas tínhamos mais de 400 artistas, então decidimos focar num tema principal", explica Giunta. O escolhido foi o corpo dessas mulheres, que se tornaram afirmações políticas, num momento em que elas lutavam por seus direitos e diversos países latinos enfrentavam a repressão. "Decidimos focar no corpo, mas não cronologicamente, queríamos encontrar preocupações em comum", diz também Hill.

Para Andrea, o mais importante da exposição é mostrar a mudança de olhar sobre esses corpos femininos. "O olhar, ao longo da história da arte, sempre foi de fora, mas agora está dentro, explora o corpo." Para ilustrar, mais de 120 artistas foram selecionadas, algumas, principalmente as brasileiras, como Lygia Clark e Lygia Pape, são bem conhecidas, mas o número de descobertas é gigantesco. As curadoras contactaram pesquisadores em diversos países, conversaram com artistas da época, e descobriram nomes que haviam sido esquecidos. "Todas elas são importantes. Não acreditamos em hierarquia. Se ela dedicou uma parte da sua vida à arte, merece estar nos livros", acredita Hill.

O Brasil será o único país latino a receber a exposição, por conta do alto custo e também por ter algumas obras frágeis, que não aguentariam continuar a "turnê". Além da inclusão de mais artistas brasileiras, a mostra na Pinacoteca contou também com o auxílio da curadora-chefe da instituição, Valéria Piccoli. "Pensamos a programação deste ano para trazer as mulheres à tona", afirma. Com dois trabalhos na exposição, a artista paulista Lenora de Barros se diz honrada. "Fico feliz de estar ao lado dessas artistas. A mostra tem uma importância grande."

MULHERES RADICAIS

Pinacoteca do Estado. Praça da Luz, 2. Tel. 3324-1000. 4ª a 2ª, 10h às 18h. R$ 6, gratuito aos sábados. Até 19/11.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.