Thiago Silva admite que seleção ainda sofre com pressão
Belo Horizonte - A estreia na Copa do Mundo já passou e a presença em uma final, em que os jogadores poderiam realizar o sonho de conquistar o título, ainda depende de três vitórias, mas parece ser nítido que a seleção ainda não conseguiu se desvencilhar da pressão de disputar o torneio no Brasil e ter que vencê-lo. Foi o que admitiu o zagueiro e capitão Thiago Silva nesta sexta-feira, na véspera do duelo com o Chile, no Mineirão, pelas oitavas de final do Mundial.
"Desligar é impossível. Não tenho esse botão, o pensamento é constante, mesmo um ano antes da Copa, quando estava no Paris Saint-Germain. Já pensava na seleção, em um Mundial no nosso País. Falei com Felipão como é difícil, mas tenho que controlar a ansiedade e o nervosismo. Na estreia, eu nem parecia o Thiago. É inevitável, acontece sem querer", disse Thiago Silva, que declarou que estava parando de falar para não chorar e também admitindo que a pressão interferiu no seu desempenho no jogo de abertura da Copa - a vitória por 3 a 1 sobre a Croácia.
Conhecedor do grupo que está sob o seu comando, Felipão admitiu o risco de queda no confronto com o Chile. O treinador, porém, também destacou que a "vida segue" em caso de derrota e que ela não poderá ser encarada como um fracasso insuperável. O discurso, então, seguiu linha diferente do adotado pela seleção em outros momentos, quando a equipe assumiu a condição de favorita e até a obrigação de ser campeã.
"Se eles forem melhores, não podemos ficar com a cabeça baixa. Não adianta nada ficarmos com a cabeça baixa e nos jogarmos em um poço. Se a gente fizer um trabalho normal, com tudo que temos e perdemos, temos que valorizar o adversário. Não queremos perder, mas temos que seguir em frente", disse.
O treinador da seleção destacou que o Brasil estará sob risco constante de ver o seu sonho de conquistar o hexacampeonato mundial encerrado até disputar a decisão do torneio. "Vamos correr riscos até a final, se chegarmos lá. É do torneio, eles sabem disso, trabalhamos muito com isso na cabeça dos jogadores. São 90 minutos que podem decidir. Claro que não ficaremos orgulhosos se não seguirmos em frente", comentou.
E, tentando minimizar a pressão imposta pelo duelo com o Chile, lembrou que a seleção poderia estar fora da Copa se tivesse perdido a partida contra Camarões, na última segunda-feira, na rodada final do Grupo A, que acabou sendo vencida por 4 a 1. "Jogamos a classificação contra Camarões", destacou.
Mas preocupado em evitar que o Brasil volte a fracassar no objetivo de ser campeão mundial atuando em casa, como aconteceu em 1950, Felipão vem trabalhando o lado psicológico dos jogadores para deixá-los menos pressionados para o confronto deste sábado com o Chile.
"Na maioria das competições que participei, quase 60% tinha mata-mata. Aí temos nossas estratégias, muitas vezes acelera, monta uma ideia sobre o adversário. Outras vezes, dependendo do grupo, tira um pouco da pressão. Depende de como está jogando, do momento de cada um, o que temos feito é valorizar o nosso potencial com o que temos para passar do Chile", concluiu.