Tóquio quer copiar 'arenas simples' do Rio para os Jogos Olímpicos de 2020
A ideia é usar ao máximo instalações já existentes e reduzir gastos. Onze projetos de arenas já foram alterados e novos locais de competição permanentes ou temporários foram substituídos
Rio - Não é desafio apenas do Rio de Janeiro evitar que as instalações olímpicas se transformem em elefantes brancos após os Jogos. A principal preocupação dos organizadores da Olimpíada de Tóquio-2020 também é com o futuro das arenas que serão construídas para o evento. Por isso, restando quatro anos para a competição, o Comitê já fez uma revisão no plano original apresentado quando a cidade se candidatou para receber o evento.
A ideia, agora, é usar ao máximo instalações já existentes e reduzir gastos. Onze projetos de arenas já foram alterados e novos locais de competição permanentes ou temporários foram substituídos. Os Jogos serão disputados em 34 locais, incluindo quatro estádios fora de Tóquio usados para as partidas de futebol.
Eleita no último dia 1.º, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, pediu uma revisão no orçamento dos Jogos. As contas estão sendo refeitas e um novo relatório deve ser apresentado no próximo mês. Os exames para averiguar todas as tarefas necessárias para garantir a entrega bem-sucedida dos Jogos estão em curso, disse ao jornal O Estado de S.Paulo a porta-voz de Tóquio-2020, Hikariko Ono.
Antes de ser governadora, Koike era ministra do meio ambiente. Agora ela pretende levar para a organização dos Jogos o slogan 3Rs que utilizou enquanto esteve no governo federal: reduzir o desperdício, reutilizar e reciclar. O conceito é para não deixar nenhum elefante branco para os contribuintes e sim um bom legado, afirmou a governadora, chefe da missão japonesa que veio ao Rio para acompanhar os Jogos.
Os japoneses pretendem usar as arenas da Rio-2016 como modelo para os Jogos de Tóquio. O Rio construiu instalações simples e temporárias. Isso é uma boa referência para nós. As nossas despesas também têm de ser reduzidas. Essa simplicidade foi muito importante para o Rio e gostaríamos de analisar que tipo de processo foi usado para adotar no nosso plano, disse Toshiro Muto, CEO do Comitê Organizador dos Jogos de 2020.
Outra fonte de inspiração dos japoneses é o sistema de transporte adotado no Rio durante a Olimpíada. Tóquio tem 13,6 milhões de habitantes e recebe todos os dias mais 3 milhões de pessoas que moram nas cidades vizinhas. No Rio, corredores de ônibus BRT foram uma boa ideia e são uma boa referência para nós. Em Tóquio, as pistas são muito pequenas e estreitas, disse Koike.
Se no Rio as condições climáticas preocuparam por causa dos ventos - que chegaram a causar danos nas instalações do Parque Olímpico e na Marina da Glória e a cancelar provas na Lagoa Rodrigo de Freitas -, para os Jogos de 2020 o que tem tirado o sono dos japoneses é o calor. Nessa época do ano, é verão no Hemisfério Norte e a temperatura média no Japão é de 30ºC. Por isso, o Comitê Organizador já negocia com empresas formas de amenizar o calor, que incluem névoas artificiais nos locais de competições.