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Após mais polêmicas do que vitórias, Neymar vai em busca do tempo perdido no PSG

Ainda assim o astro segue cercado de expectativas para a temporada 2018/2019

Redação Folha Vitória

Quando retornou a Paris após três meses de tratamento da lesão no Brasil, no final de maio, Neymar já era alvo de alguma insatisfação dos torcedores do PSG, mas sua aura de craque da seleção brasileira às vésperas da Copa do Mundo ainda embalava sua idolatria. Três meses depois, Neymar retorna em definitivo à capital francesa não mais como a estrela inconteste, mas como uma espécie de ídolo controverso, na distante terceira posição entre os atletas mais admirados do clube por seus torcedores - atrás de Mbappé e Cavani. Ainda assim o astro segue cercado de expectativas para a temporada 2018/2019.

O certo é que o esforço do PSG para badalar Neymar um ano depois de sua chegada a Paris não diminuiu nem um pouco. Na sexta-feira, as contas do PSG no Twitter e demais redes sociais divulgaram um vídeo com ares de superprodução em que o clube celebra o primeiro aniversário da contratação que chacoalhou o esporte. Nas imagens, o brasileiro aparece chegando em jato privado, sendo acolhido pela direção no interior do Parque dos Príncipes, comparecendo diante da imprensa, sendo homenageado pelas luzes da Torre Eiffel e aclamado pela massa de fãs incondicionais, que sonhavam com ex-astro do Barcelona, seguido da mensagem #NJRxPSG1Yeartoday.

O curioso é que, para grande parte dos fãs, a equação entre o craque e a torcida na primeira temporada de fato não foi uma adição, mas sim Neymar versus PSG, como sugere o slogan. O princípio de desamor começou com o "pênaltigate", o caso de desentendimento com Cavani sobre quem teria o status de cobrador oficial - antes privilégio do uruguaio. A balança já pesou em desfavor do brasileiro. Depois veio um primeiro jogo contra o Real Madrid nas oitavas de final da Liga dos Campeões, na qual quem brilhou foi Cristiano Ronaldo.

Seguiu-se a torção no tornozelo e a fratura no pé em um duelo com o Olympique de Marselha, que o tirou do segundo jogo contra os madrilenhos, ampliando a decepção dos parisienses. Os três meses de recuperação e fisioterapia no Brasil, longe dos torcedores e do grupo do PSG, mostraram um Neymar distante, pouco interessado em contribuir para o espírito do time e mais voltado às partidas de pôquer com os "parças" do que com os jogos finais da temporada. E então começou sua descida ao inferno. A eliminação na Copa do Mundo, com desempenho desastroso para sua imagem, a série de piadas que viralizaram pelo mundo, o vídeo de mea-culpa publicitário e sem alma.

Um mês depois da eliminação, Neymar reapareceu com o grupo na China para a disputa da Supercopa da França, disputada contra o Monaco. Se sua chegada foi notícia no mundo do esporte, a ausência do novo astro do PSG, Kylian Mbappé, ajudou a fazer com que os holofotes tivessem apenas uma direção. Mas na França poucos profissionais do futebol têm dúvidas de que a temporada precisa ser de recuperação para Neymar.

Para Jean-Michel Aulas, dirigente histórico e presidente do Lyon, a questão será se Neymar e Mbappé poderão conviver. "Em Paris, Neymar quer ser o número 1 incontestável e que os outros jogadores o considerem como tal. Mas há muitos bons jogadores em Paris e em especial um certo campeão do mundo que talvez vá ganhar a Bola de Ouro", ponderou o dirigente, em entrevista ao L’Equipe.

Mbappé assegura que, de seu lado, não haverá rivalidade. "Nossa relação é de respeito e admiração recíprocas. Ele me disse que estava muito contente por mim, e eu acredito, porque ele é um cara legal", afirmou à revista France Football.

O certo é que Neymar tem diante de si a necessidade de reconstruir a imagem como profissional, mostrando estar mais comprometido com o esporte, do que com o marketing pessoal. E essa reconstrução se dará em um momento delicado da equipe, com a chegada do alemão Thomas Tuchel - uma incógnita.

Se do ponto de vista esportivo, o apoio dos torcedores caiu, a imagem de Neymar continua a ser uma vantagem para o PSG como negócio. Desde que chegou, o clube parisiense aumentou sua receita em merchandising em 78%, e não para de assinar novos, e mais vantajosos contratos de patrocínio. O craque continua a ser um combustível para a marca, que multiplicou o número de fãs na Ásia por quatro. "Em termos de popularidade, Neymar está próximo de Ronaldo e supera Messi nessa região do mundo", diz Sébastian Wasels, diretor de desenvolvimento do PSG.