Arbitragem culpa clubes por ausência do VAR no Brasileirão
Associação Nacional dos Árbitros de Futebol afirma que o novo modelo não foi implementado na Série A deste ano por falta de vontade dos clubes
O presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, Marco Martins, culpou nesta sexta-feira (3) os dirigentes dos principais clubes do país pela não implementação do VAR (Árbitro Assistente de Vídeo, na sigla em inglês) no Campeonato Brasileiro da Série A deste ano. O modelo foi adotado nos jogos da Copa do Brasil a partir das quartas de final.
"Vamos continuar apitando normalmente, mas fico triste porque quem não aprovou a aplicação do VAR no Campeonato Brasileiro foram os próprios clubes. É um absurdo. E ficam justificando erros de arbitragem, quando poderiam ter tido o VAR na competição e teríamos menos problemas", lamentou o sindicalista.
Marco Martins acredita que o aspecto financeiro não seria empecilho em razão dos orçamentos das maiores agremiações do Brasil, como Flamengo, Fluminense, Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Para o árbitro, a falta de vontade política dos cartolas impediu a adoção do sistema no Nacional.
"Seria uma divisão por clube em torno de R$ 500 mil para toda a competição. Quanto isso representaria para um Corinthians, por exemplo? Três pontos a menos ou a mais e deixar de ser campeão? O Corinthians votou contra (a adoção do VAR). Por quê? Para justificar em cima da arbitragem. Não só o Corinthians, mas outros clubes também".
O presidente da entidade que reúne cerca de 10 mil árbitros no Brasil considerou positiva a primeira experiência com o VAR na Copa do Brasil. No empatem em 0 a 0 entre Bahia e Palmeiras, na quinta, em Salvador, o árbitro gaúcho Anderson Daronco utilizou o recurso para reavaliar o cartão vermelho aplicado a um jogador do time baiano no lance que resultou em um pênalti para a equipe paulista. Daronco reviu a posição e trocou o cartão vermelho pelo amarelo.
"A gente entende que está no início de um processo de treinamento e ajuste dos árbitros, como foi na Copa do Mundo. Mas foi extremamente positiva (a experiência). Haja visto que, no mínimo, evitou um cartão vermelho e um prejuízo para a equipe que não teria aquele jogador no próximo jogo", avaliou Marco Martins.
Demora na revisão
O sindicalista não concordou com as críticas ao árbitro pela demora na revisão do lance — foram quase seis minutos entre o início da jogada e a cobrança da penalidade máxima — desperdiçada pelo volante Bruno Henrique.
"Foi um lance interpretativo, não de fácil resolução. Não foi simplesmente pênalti ou não pênalti. Tinham algumas possibilidades que precisavam ser analisadas. Por exemplo, a distância, domínio da bola pelo atacante, número de jogadores que estavam próximos. São pré-requisitos para determinar se é clara ou não uma oportunidade de gol. Por isso, houve a demora. Precisa se analisar todos esses quesitos", ponderou.
Futuro do VAR
Marco Martins espera que a experiência com a utilização do VAR da Copa do Brasil possa mudar a visão dos dirigentes para que o recurso seja implementado a partida da próxima edição do Campeonato Brasileiro.
"O ideal seria começar no início da competição. Não tivemos isso em função de custos e de treinamento. Mas o importante é ter para que possamos colocar na cultura do brasileiro e dos clubes a importância do VAR. Senão, nunca vai começar. Que com a experiência da Copa do Brasil, os clubes se convençam da necessidade do VAR para o Campeonato Brasileiro", finalizou o presidente da Associação Nacional de Árbitros de Futebol.