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Juíza recusa soltura de Marin para ver esposa, mas aceita transferi-lo de prisão

Redação Folha Vitória

A juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, no Distrito Leste de Nova York, recusou o pedido feito nesta quarta-feira por José Maria Marin para ser liberado da prisão nos Estados Unidos, em 6 de setembro, para que pudesse passar o dia com a sua esposa, Neusa, na data em que completarão 60 anos de casados. A magistrada negou a solicitação na audiência na qual expediu a sentença de 48 meses de prisão ao ex-dirigente de 86 anos pelos crimes cometidos na época em que foi presidente da Confederação Brasileira de Futebol, entre 2012 a 2015.

Ao falar sobre Neusa Marin, a juíza ressaltou que "ela não o visitou nos 8 meses de prisão nos EUA, em momentos quando ele mais precisava", assim como reprovou o fato de que o ex-presidente da CBF ainda nega que tenha agido de forma errada enquanto dirigente máximo do futebol brasileiro.

Marin foi acusado de participar de um esquema de corrupção internacional que resultou no pagamento de US$ 154 milhões (cerca de R$ 614 milhões) em suborno envolvendo torneios como a Copa do Brasil, Copa América e Copa Libertadores. Ele já cumpriu 13 meses de detenção na Suíça e Estados Unidos e, por ter registrado bom comportamento, sua pena final, na prática, será reduzida para 28 meses de prisão nos Estados Unidos.

"Ele pediu desculpas. Mas seus atos, junto com a atuação de seus conspiradores, falam mais do que palavras. Eu ainda estou preocupada com a negação de seu comportamento e de que não fez nada de errado", afirmou a magistrada.

Ao mesmo tempo, porém, Pamela Chen não se opôs ao pedido da defesa do ex-dirigente para que ele seja transferido de uma prisão no Brooklyn para um complexo prisional de segurança mínima no Estado da Pennsylvania, onde teria melhores condições para cumprir sua pena, sobretudo devido a problemas de saúde e pela sua idade avançada.

"A Justiça já concordou. Agora é uma questão de datas para a transferência", afirmou Julio Barbosa, advogado de defesa de Marin, em frente à Corte Federal do Brooklyn.

Antes da sentença lida pela juíza, Marin chegou a chorar no tribunal ao implorar pela sua soltura da prisão para que pudesse passar o "resto do tempo da sua vida" e compensar o transtorno causado por ele à sua família com sua prisão. "Eu estou muito doente, tenho manchas em todo o corpo. Já sou um homem sem futuro. A única coisa que me mantém vivo é a minha preocupação com minha esposa", afirmou. "Eu imploro. Permita que este dia venha logo. Muito obrigado."

Marin também adotou a vitimização de si próprio ao falar do período em que foi presidente da CBF, cargo que ele herdou após a renúncia de Ricardo Teixeira, outro ex-dirigente acusado de envolvimento em escândalos de corrupção.

"Eu era o mais velho dos 5 vice-presidentes da CBF. Estava muito preocupado com o sucesso da Copa do Mundo (no Brasil). Eu nunca fui do Comitê Executivo da Fifa", disse Marin, tentando desvincular de forma desesperada a sua imagem da entidade máxima do futebol, da qual anteriormente foi um membro antes de estourar o escândalo de corrupção que o levou à prisão ao lado de outros ex-dirigentes de primeiro escalão.

Promotores de Nova York estimam que a fortuna de Marin seria de mais de R$ 54 milhões ao apontarem que o mesmo usou de seu poder no futebol para enriquecer de forma ilícita. De acordo com os norte-americanos, os crimes cometidos pelo brasileiro causaram também perdas de US$ 154 milhões (cerca de R$ 600 milhões) na Copa América, na Copa Libertadores e na Copa do Brasil.

Ao falar sobre o patrimônio de Marin nesta quarta-feira, Charles Stilman, outro advogado de defesa do ex-dirigente, destacou que o seu cliente trabalhou muito em sua vida e conseguiu comprar um apartamento em Nova York há algumas décadas, localizado na Trump Tower, cujo valor, segundo a defesa, é de US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 10 milhões, pela cotação atual).

"Há 30 anos, quando o imóvel foi adquirido, quem poderia imaginar que o edifício teria tanta notoriedade?", questionou, tentando remeter o bem de alto padrão a um passado distante do ex-cartola, mas sem sucesso ao pedir para que a juíza não o punisse.