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Nos anos 1990, São Paulo fez 97 jogos em um ano e dois no mesmo dia

A discussão sobre o calendário inchado no Brasil não é de hoje. Nos anos 1990, o São Paulo iniciou a década enfileirando títulos e se desdobrando para participar de todos os campeonatos. A solução foi alternar o time titular com Raí, Zetti e companhia, treinado por Telê Santana, com uma segunda equipe formada por garotos, que ganhou o apelido de Expressinho e era dirigida por Muricy Ramalho.

Em 1993, entre amistosos, Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Libertadores, Recopa, Brasileirão, Tereza Herrera, Ramón de Carranza, além de vários outros torneios amistosos no Chile, Espanha e nos Estados Unidos, o clube disputou inacreditáveis 97 jogos entre 24 de janeiro a 12 de dezembro. Só em março, foram 17, o que dava menos de dois dias de descanso entre um e outro - algo proibido nos dias atuais, quando o intervalo mínimo a ser respeitado é de 66 horas.

No ano seguinte, a agenda não foi muito mais light - 92 partidas, o equivalente a 8.280 minutos sem os acréscimos - e gerou situações inusitadas, como a ocasião na qual o São Paulo entrou em campo duas vezes no mesmo dia. Foi em 16 de novembro, no Morumbi. Quem conta a história é o meia Juninho Paulista. Então com 20 anos, ele participou da rodada dupla. Primeiro, enfrentou o Sporting Cristal, do Peru. Depois, o Grêmio.

"Estávamos disputando a Copa Conmebol e o Brasileirão, e calhou de ter jogos no mesmo dia. Um começava às 8h da noite, o outro, às 22h. Eu era titular do Expressinho e costumava entrar nos jogos do time principal", lembra o ex-jogador, hoje dirigente do Ituano.

"Quando terminou o primeiro jogo, o Telê já tinha dado a preleção do segundo. Entrei no vestiário, tomei um banho, coloquei o outro uniforme e subi de novo para o campo", relata Juninho, que começou no banco e entrou no decorrer dos dois jogos. Ele marcou um dos gols da vitória (3 a 1) sobre os peruanos, placar que o time repetiria contra o Grêmio, para 4.600 espectadores.

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