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Testemunha diz que ex-presidente da Conmebol 'poderia ter roubado' US$ 5 milhões

Redação Folha Vitória

Nova York - O empresário argentino Alejandro Burzaco, ex-presidente da companhia Torneos y Competencias, disse que o ex-presidente da Conmebol Nicolás Leoz foi capaz de "confundir contas pessoais com recursos" da entidade. "Posso dizer que ele poderia ter roubado a Conmebol", disse, em depoimento no julgamento do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, que ocorreu na Corte do Distrito Leste de Nova York nesta quinta-feira. Burzaco é uma das principais testemunhas de acusação no maior escândalo de corrupção da história da Fifa.

De acordo com Alejandro Burzaco, ele pode falar que Leoz pode ter desviado recursos da instituição que presidia, pois tinha conhecimento que "devido a um torneio de clubes da Fifa", aquela entidade repassaria US$ 5 milhões para Conmebol. Ele não informou a data do torneio. "Mas o dinheiro foi depositado na sua conta particular em uma agência do Banco do Brasil no Paraguai", destacou o empresário argentino.

Burzaco também relatou à Corte que ele "criou e controlou" algumas empresas de fachada, para poder pagar propinas, sem detalhar para quem fazia tais pagamentos e quais eram os montantes. Ele afirmou que tinha uma conta no banco Merrill Lynch, na qual admitiu o recebimento de US$ 4,23 milhões em junho de 2008 e a saída de US$ 3,95 milhões em outubro de 2010.

Por lidar no seu cotidiano no mundo empresarial do futebol da Argentina, Alejandro Burzaco admitiu que conhecia Julio Grondona, que faleceu em 2014 e foi presidente da Associação do Futebol Argentina por três décadas. Segundo ele, Grondona era um homem poderoso no mundo do esporte no país e era conhecido como "Papa" por diversas pessoas. "Quando o Papa Francisco foi escolhido, dizia-se que Grondona era o primeiro Papa argentino.", apontou.

No tribunal, Burzaco admitiu que "interagiu" com políticos argentinos a pedido de Júlio Grondona, especialmente para que eles "não prejudicassem" a realização de torneios de futebol pelo país. Ele também disse que ajudou o ex-executivo da Fox, Hernan Lopez, a ser recebido pela ex-presidente de seu país, Cristina Kirchner. E apontou que Grondona poderia participar da reunião, mas não informou qual seria o assunto a ser tratado.