Estudos indicam que 25% das crianças têm características compatíveis com distúrbios de sono

 Fernanda Mappa

Os distúrbios de sono são comuns na infância em geral. Estudos indicam que 25% das crianças em diferentes faixas etárias têm características que podem ser compatíveis com distúrbios de sono.

Em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), esses números variam de 40-80%, sendo maior a propensão em crianças com uma baixa funcionalidade principalmente devido alteração no ciclo circadiano que podem estar relacionados a um baixo ritmo de melatonina (pico atrasado nos níveis de melatonina) além de um padrão imaturo de sono, com arquitetura não compatível com a idade cronológica.

O tratamento deve ser individualizado e medicação jamais é primeira escolha ou uma escolha isolada. A parceria com a família é fundamental.

Buscar uma causa é fundamental. Em alguns casos, o tratamento será apenas o tratamento direto ou remoção da causa da insônia, como por exemplo, quando a criança está tendo crises epiléticas ou mesmo diarreia.

Em outras situações, orientações a família sobre a necessidade de higiene do sono serão determinantes de sucesso com um estabelecimento de uma rotina, que vai incluir três aspectos fundamentais: ambiente, horário e atividades prévias ao sono.

• O ambiente do sono deve ser escuro ou com pouca luminosidade, silencioso e com temperatura adequada.

• Os horários de dormir e acordar devem ser regulares. Os horários de sesta durante o dia devem ser adequados para a idade e sempre regulares, evitando “soninhos” muito prolongados, quando a criança sabidamente tem dificuldade para iniciar o sono.

• As atividades prévias ao sono devem ser consistentes e repetidas para criar a sensação de que aquele momento é do sono: dar um banho, jantar, escovar os dentes, colocar pijama, ligar uma música calma ou contar uma história tranquila e envolvente. Algumas crianças, gostam de levar um brinquedo ou um bichinho para a cama, isso não é um problema.

Manter uma rotina diária ajuda a criança de um ciclo circadiano de acordo com os hábitos da família, no entanto pouco adianta, a família querer colocar a criança para dormir mantendo a casa muito iluminada ou pouco silenciosa, com vários membros familiares conversando por exemplo.

Para casos de crianças com TEA baixo funcionamento, além da higiene de sono, somam-se obrigatoriamente medidas comportamentais, sendo a análise aplicada do comportamento (ABA) e a educação baseada nos pais mais eficazes nos distúrbios do sono em TEA.

Após ter sido tentado ou terem sido impossíveis as técnicas de higiene de sono e TCC, o que geralmente ocorrem com crianças de baixo funcionamento, a associação medicação+ higiene + TCC tendem a ser mais eficazes e duradouras.

Fernanda Mappa é  Psiquiatra da Infância e Adolescência e diretora clínica do PROTEA NEURODESENVOLVIMENTO.

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