Operadora de trem espanhola lança novos serviços de alta velocidade na França

Conectando cidades da Espanha e França, os trens de alta velocidade da empresa Renfe,
denominados AVE, vão inaugurar a rota Barcelona-Lyon, no próximo 13 de julho, e Madri-
Marselha, a partir de 28 de julho.

A Renfe será a segunda empresa ferroviária estrangeira a concorrer com a SNCF (Société
Nationale des Chemins de Fer Français), uma das principais empresas públicas francesas,
depois da companhia de transporte ferroviário italiana, a Trenitalia.

Para quem viaja pela Europa e quer se deslocar da Espanha pra a França, ou vice-versa, essa
será uma ótima opção de transporte público, com bilhetes a preços mais acessíveis. Para ligações entre estações francesas, por exemplo, as passagens estarão à venda a partir de 9
euros. Para uma viagem entre Espanha e Marselha ou Lyon, o primeiro preço será de 29 euros; já para uma viagem entre Espanha e Narbonne ou Montpellier, 19 euros.

Estas são algumas das paradas da rota Marselha-Madri: Marselha, Aix-en-Provence, Avignon, Nîmes, Montpellier, Béziers, Narbonne, Perpignan, Figueres, Girona, Barcelona, Tarragona, Saragoça e Madri. Ao todo, são 13 paradas entre França e Espanha. Dela fazem parte algumas das mais belas cidades da Provença.

Assim como a Trenitalia, espera-se que a Rede SNCF conceda à Renfe descontos nos pedágios (percursos ferroviários), a fim de incentivar a entrada de novos operadores no mercado. Essa vantagem temporária permitirá à Renfe oferecer tarifas ultra-atrativas. O objetivo é tornar-se “um operador de referência em toda a França”, declarou o presidente
da Renfe, Raúl Blanco, que qualificou a expansão ao mercado francês como um “dia histórico” para o grupo público espanhol.

Objetivo da Renfe é chegar em Paris até 2024, coincidindo com os Jogos Olímpicos

Em última análise, “nosso objetivo é chegar a Paris”, explica Raúl Blanco, que aspira servir na
capital francesa em 2024.  “Levar os atletas espanhóis aos Jogos Olímpicos de Paris a bordo de um trem da Renfe seria um sonho maravilhoso”, acrescentou. A título de informação, os Jogos Olímpicos de 2024 vão ser realizados em Paris, na França, de 24 de julho a 11 de agosto de 2024.

A Renfe também aspira “incluir seus serviços na França como prestadora de serviços públicos” e está considerando o lançamento de “novas conexões internacionais” em outras partes da Europa.

A companhia anunciou, em meados de janeiro, quando realizou seu primeiro teste na rota
Barcelona-Lyon, que queria se lançar no mercado francês antes do verão de 2023. Desde então, fez inúmeras viagens para formar os seus condutores nas especificidades da rede
francesa.

A Renfe, que inicialmente pretendia lançar-se na França em 2020, há muito que critica os
obstáculos colocados à sua entrada neste mercado, denunciando a falta de reciprocidade por
parte das autoridades francesas, dado que a SNCF lançou na Espanha os seus trens
convencionais de alta velocidade e baixo custo, Ouigo, na primavera de 2021.

Mas estas críticas foram rejeitadas pela França, que citou outros problemas como principais
razões pelo atraso, por exemplo, os referentes à sinalização não conforme e à não aprovação
de materiais rodantes.

A chegada da Renfe abre um novo capítulo na liberalização das ferrovias francesas, com as
quais Bruxelas pretendia aumentar a concorrência entre os operadores e baixar o preço dos
bilhetes de alta velocidade franceses, muitas vezes considerados muito elevados pelos usuários. Na França, a Trenitalia foi a primeira empresa estrangeira a aproveitar esta abertura, oferecendo um serviço entre Paris e Milão, via Lyon, inaugurado em dezembro de 2021.

Uma quarta operadora está em vias de operar na França: a operadora de transporte público
Arriva, subsidiária da alemã Deutsche Bahn, que quer oferecer uma ligação entre Paris e
Groningen, no norte da Holanda, via Bruxelas e Amsterdã. A Arriva espera abrir esta rota no
verão de 2026.

Estas empresas operam sob o modelo de “acesso aberto”, o que significa que não recebem
nenhum apoio público. Isso exige força e experiência, pois os operadores devem fornecer o
material rodante, contratar os ferroviários, montar um sistema de vendas e organizar o mapa
e os horários para rodar os trens.

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