Título da Beija-Flor é criticado nas redes sociais
Rio de Janeiro - Logo após a confirmação de que a Beija-Flor conquistou o carnaval do Rio, críticas ao enredo da escola de Nilópolis (Baixada Fluminense) passaram a dominar as redes sociais. A agremiação homenageou Guiné Equatorial, país da África que é um dos maiores produtores de petróleo do continente, mas também tem índices muito baixos de desenvolvimento humano.
Para adotar o enredo, a Beija-Flor teria recebido R$ 10 milhões do ditador que comanda a Guiné há 32 anos. O filho dele costuma ir ao Rio no carnaval e estava na Sapucaí, em seu camarote particular, conferindo o desfile da Beija-Flor na última segunda-feira. "Vagabundo dá nota 9,9 pra um enredo falando sobre Nelson Mandela e dá 10 pra escola que trouxe Guiné Equatorial pra avenida. Vale lembrar que o ditador do tal país injetou milhões na escola da qual me recuso a falar o nome", postou um torcedor da Imperatriz, escola de samba que homenageou o ex-presidente da África do Sul morto em 2013.
O site de humor Sensacionalista publicou uma reportagem fictícia com a manchete "Próximo enredo da Beija-Flor vai homenagear o Estado Islâmico", referindo-se à organização terrorista que já promoveu diversos atentados pelo mundo. "Depois de ser campeã homenageando uma ditadura, a Beija-Flor já prepara seu futuro enredo. No páreo estão o Estado Islâmico, o Taliban e até mesmo o Boko Haram."
O texto do site simulava ainda animação da diretoria da escola e da população do país africano com o sucesso do Carnaval 2015 da Beija-Flor. "Deu certo e vamos seguir na mesma linha', disse um dos diretores da escola. Na Guiné a população comemorou o título. "Já temos esperança de que mês que vem vamos ter também comida no prato', disse um habitante", brinca o site.
No Facebook, outros integrantes de escolas de samba mostraram conformismo. "Como não existe o quesito 'odeio tema sobre ditador sanguinário', parabéns, Beija-Flor, justíssima vitória", escreveu um torcedor de uma escola da segunda divisão. Os dirigentes da Beija-Flor não se manifestaram sobre a questão. "Não existe essa polêmica. Tentaram jogar o povo contra nós, mas não conseguiram", disse Nelsinho David, conselheiro da escola e membro da família de contraventores que comanda a escola. Diretores de outras agremiações também evitaram falar sobre o assunto. "Carnaval é isso mesmo, a Beija-Flor foi merecedora e a gente tem que respeitar", declarou a presidente do Salgueiro, Regina Celi, que perdeu por quatro décimos. Na apuração, é habitual que os perdedores contemporizem a derrota. (Colaborou Roberta Pennafort)