Movimento gay capixaba critica associação do vírus da Aids aos homossexuais
Coordenadora colegiada do Fórum pela Cidadania LGBT no Espírito Santo disse que a maioria das pessoas que conheceu e que admitiram ter transmitido a doença de propósito é heterossexual
A transmissão proposital de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST's), como a Aids, não é uma prática exclusiva dos homossexuais. É o que garante a coordenadora colegiada do Fórum pela Cidadania LGBT no Espírito Santo, Deborah Sabará.
Deborah disse ter conhecido no Estado algumas pessoas que, revoltadas com a situação em que se encontravam e com o preconceito sofrido por grande parte das pessoas de seus círculos sociais, decidiram espalhar os vírus. No entanto, ela ressalta que essa prática não é exclusiva dos homossexuais. "Desses casos que relatei de pessoas que transmitiam DST's por querer, posso garantir que a maioria era heterossexual", garantiu.
Segundo reportagem do jornal Estado de São Paulo, grupos de homens soropositivos de diversas partes do Brasil têm usado táticas para infectar parceiros sexuais propositalmente e compartilhando as ideias em sites e blogs na internet.
De acordo com a publicação, a modalidade "bareback", na qual gays fazem sexo sem camisinha, é praticada em ambientes como saunas e casas de sexo. A prática é considerada crime e a polícia de São Paulo já está investigando alguns desses grupos.
A coordenadora lamenta que a propagação de doenças sexualmente transmissíveis na sociedade, especialmente da Aids, ainda esteja fortemente ligada aos homossexuais. Para ela, essa é uma questão que já deveria ter sido superada.
"Os índices mostram que essa associação dos gays com a transmissão da Aids é passado. Mas acabamos tomando toda a culpa. Os homossexuais que viveram principalmente nos anos 70, 80 e 90 sofreram muito preconceito por causa disso. Mas graças a eles, o trabalho de prevenção da Aids no Brasil começou a ser levado a sério. Hoje em dia, a comunidade LGBT atua em todo o país, em parceria com os governos estaduais e federal, para ajudar a prevenir a doença", frisou.
Para Deborah, o grande desafio do poder público na contenção da Aids está na forma de alertar ao público jovem sobre o perigo da doença. "O jovem hoje não tem noção do que é a Aids. Ele não consegue associar a imagem de uma pessoa com Aids com alguém doente e acha que a qualquer momento a medicina vai chegar à cura da doença facilmente. Mas não é assim. Nenhum estudo garante 100% a cura da Aids. Além disso, é um tratamento muito caro, que pesa no orçamento do poder público. Então o melhor meio é prevenir, fazendo a informação chegar a todos", destacou.
A coordenadora acredita que a transmissão da Aids está muito mais ligada à falta de informação das pessoas que são portadoras da doença do que qualquer atitude de má fé, de espalhar a doença de forma proposital.
"A pessoa muitas vezes tem medo de descobrir que tem Aids ou qualquer outra DST. Elas temem principalmente sofrer preconceito, já que se trata de doença relacionada ao sexo. Acham que o funcionário da unidade de saúde onde o exame foi feito pode espalhar para outras pessoas que aquele indivíduo é portador do HIV. Mas os resultados desses exames são sigilosos. Então a pessoa tem que ter coragem e procurar uma unidade de saúde para saber a verdade", salientou.