Taxistas realizam carreata no enterro de colega morto por bala perdida em VV
Uma carreata foi realizada durante o cortejo do enterro do taxista Charles Dias da Conceição, de 28 anos, que morreu após ser atingido por uma bala perdida em Vila Velha.
De acordo com o taxista Félix Falcão, o objetivo da carreata foi chamar a atenção das autoridades. “Nós fizemos algumas paradas para fazer um clamor público. Isso não tira a dor da família, mas mostra a indignação pelo fato ocorrido”, afirma.
Na manhã desta terça-feira (06), amigos, familiares e colegas de profissão estiveram no cemitério Parque da Paz, em Cariacica, para prestar as últimas homenagens ao taxista.
Abalada, a mãe de Charles, Diomar Cassemiro, desabafou sobre a morte do filho. “O dia das mães vai ser horrível sem a presença dele, sem pelo menos uma ligação dele pra mim. Eu quero justiça, pelo que aconteceu com ele”, disse.
Para o taxista Douglas Borges, a morte de Charles é um exemplo da insegurança que a categoria enfrenta. “A sensação de insegurança é muito grande. Quando nós estávamos levando o corpo de Charles para o velório, outro taxista foi assaltado. Infelizmente, a nossa vida é essa e nenhuma providência é tomada”, afirma.
Velório
O corpo do taxista foi velado na noite da última segunda-feira (05), na Igreja Assembléia de Deus, em Alvorada, Vila Velha.
Thiago Davel Cardoso, que também é taxista, era amigo de Charles. Segundo ele, o rapaz sempre estava bem humorado e brincava muito com os amigos.
Entenda o caso
No último sábado (03), o taxista Charles Dias da Conceição, de 28 anos, estava trabalhando e parado em frente a um cerimonial no bairro Parque das Gaivotas, em Vila Velha.
Segundo testemunhas, uma segurança teria sido agredida por um homem que havia sido expulso da festa que acontecia no local. O rapaz chutou o portão e agrediu algumas pessoas. Um policial, que estava de folga, atirou para assustar o agressor.
Charles, que não tinha envolvimento com a confusão, acabou sendo atingido por um dos tiros. O taxista morreu na manhã desta segunda-feira (05).
PM atirou para defender segurança, diz dono de casa noturna
O dono da casa noturna onde aconteceu a confusão que baleou e matou o taxista Charles Dias da Conceição, de 28 anos, disse que o policial reagiu após suspeitar que a segurança do local tivesse sido baleada.
De acordo com a Policia Civil, na manhã da última segunda-feira (05), o delegado Ricardo Almeida abriu o inquérito para apurar o caso.
O crime está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Contra a Vida de Vila Velha. O soldado Anthony Jullius da Costa ainda não foi chamado para prestar depoimento na delegacia. A investigação corre em sigilo.
Relato da família
Muito emocionado com a perda de Charles, o irmão mais velho do taxista, Marcelo Cassimiro Silvino, também é taxista e estava em frente ao cerimonial quando tudo aconteceu: “Eu estava passando no local e estava com um passageiro no meu carro. Encostei e questionei se meu irmão estaria no local. Fiquei com um pé do lado de fora e nisso, vi o rapaz saindo da boate. Nesse momento, ele desafiou o policial que estava lá dentro. Eu falei para o passageiro para a gente ir embora de lá, já que no fim de rock bala perdida não tem dono. Eu só não sabia que essa bala iria atingir alguém da minha família”, diz.
Protesto na Terceira Ponte
Por volta das 15h20 da última segunda-feira (05), cerca de 100 taxistas, segundo o sindicato da categoria, interditaram a Terceira Ponte no sentido Vila Velha a Vitória e no vão central no sentido contrário.
De acordo com motoristas que estavam na ponte, os taxistas repetiram o gesto do último sábado (03) e fizeram uma oração contra a injustiça, por mais segurança para a categoria e em solidariedade ao taxista Charles Dias da Conceição, morto com um tiro na cabeça.
Viaturas da Polícia Militar acompanharam a manifestação que não registrou nenhum tumulto.
Mais de 20 assaltos a taxistas
“Os assaltos a taxistas são comuns no Estado e geralmente, acontecem de 20 a 23 assaltos por mês. O taxista muitas vezes perde um celular, perde dinheiro, e não registra a ocorrência”, afirma.