Terceira idade: especialista do ES explica como envelhecer com saúde, bem-estar e autoestima
Compartilhar experiências com pessoas da mesma idade é uma forma de ampliar vínculos e melhorar a autoestima para evitar uma possível depressão
Alcançar a terceira idade em plena forma é o desejo de muitas pessoas, principalmente no que diz respeito à qualidade de vida. Não existe segredo ou fórmula do sucesso para conquistar a longevidade com a mente e o corpo saudáveis, mas o comportamento ao longo dos anos é fundamental para encontrar essa resposta. Isso é o que afirma o geriatra Heitor Spagnol.
Em entrevista ao jornal online Folha Vitória, o médico explica que os idosos precisam ter autonomia e independência durante o processo de envelhecimento para não perder a qualidade de vida.
“O processo de envelhecimento é muito individual. Para envelhecer e manter a qualidade de vida é preciso buscar duas características: autonomia, a capacidade de decidir o que fazer, e independência, capacidade de executar aquilo que pensou. É isso que nós procuramos para nossos pacientes. Mas isso se conquista através de um processo que vem desde a infância e juventude, controlando as doenças, como hipertensão e diabetes, mantendo uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos. São atitudes que vão minimizar os riscos de doenças e melhorar a qualidade de vida. Na minha residência, perguntava aos pacientes de 90 e poucos anos como eles chegaram nessa idade, e eles contavam que desde a infância tinha uma rotina de saúde, alimentação saudável, exercícios e acompanhamento médico”, explica.
Para o geriatra, compartilhar experiências com pessoas da mesma idade é uma forma de ampliar vínculos e melhorar a autoestima para evitar uma possível depressão durante o processo de envelhecimento. “Tenho observado que muitos pacientes idosos que praticam atividades físicas tem tido mais resistência. Além de ajudar na prevenção e combate às doenças, a prática de atividades físicas também melhora a qualidade de vida. Outro ponto interessante são as terapias em grupo com pessoas da mesma idade, que tiveram as mesmas experiências de vida para compartilhá-las, trocar ideias e criar um vínculo, melhorando a autoestima. O importante também é ficar atento ao humor para não ter depressão. Muita gente que tem medo do processo de envelhecimento e nós temos que trabalhar muito a autoestima para que a pessoa não entre em depressão nessa fase”, observa.
O médico alerta ainda que a situação de abandono pode agravar a saúde do idoso, que precisa da compreensão e apoio daqueles que estão por perto. “A família é fundamental e precisa reconhecer esse processo de envelhecimento, sabendo que o idoso tem certas peculiaridades. Se ele já era teimoso, ele pode ficar ainda mais, e a família pode não entender. Os familiares podem achar que o idoso está chato e se negam a levá-lo para a igreja ou um passeio. Se a família não compreender e participar de forma ativa, os riscos de doenças e até de uma morte precoce podem aumentar. É tudo muito diferente para o próprio idoso, e se a família não estiver ajudando, eles sofrem. Muitos pacientes chegam ao hospital com sinais de abandono e maus-tratos. Nós cuidamos deles, dando atenção, medicamentos na hora correta e cuidamos da alimentação. Quando eles vão embora, a família diz que vão adoecer de novo e voltarão ao hospital. Realmente, eles adoecem logo e acabam voltando para porque não recebem os cuidados adequados em casa”, revela o geriatra.
Apesar de não existir uma fórmula pronta para envelhecer com saúde, Spagnol adianta que três pilares podem ajudar neste processo. “São três pilares: saúde mental adequada, estar em um ambiente em que possa ter liberdade e sem cobrança, ter uma saúde física e controlar as doenças. O idoso precisa fazer exercícios, ter um bem-estar social, poder participar das atividades, sair, passear e dançar. Eles têm esse direito e nós devemos promover esse bem-estar”, afirma.