A escolha é delas! Mulheres se vestem como querem e dispensam opinião masculina
Elas quebram os padrões que, na verdade, nunca deveriam ter sido impostos, e se vestem exclusivamente para elas
Evitar mini-saia, roupa decotada, vestidinho curto e batom vermelho porque os homens não gostam? Foi-se o tempo em que isso era uma preocupação das mulheres. Hoje, elas quebram os padrões que, na verdade, nunca deveriam ter sido impostos, e se vestem exclusivamente para elas, da forma que gostam e se sentem bem, sem se preocupar com o que os outros vão pensar.
Em sites e revistas de moda, não é difícil encontrar publicações do tipo "roupas que afastam os homens", "10 coisas que os homens não gostam que a companheira use" e "evite essas roupas e acessórios se quiser conquistar um homem". Embora pareçam 'ajudar', conteúdos desse tipo, muitas vezes, reforçam a cultura do machismo que, infelizmente, ainda impera na sociedade e é um dos responsáveis pelo alto índice de feminicídios.
A arquiteta e urbanista Maria Luiza de Barros, de 24 anos, destaca que não faz sentido se limitar por conta do que os homens gostam ou não e que cada mulher tem que se vestir como se sentir bem.
"Antes de qualquer homem achar o que é melhor ou não, a gente tem que se sentir bem. Temos essas imposições o tempo todo, eles tentam nos moldar nesses padrões e nós não temos que ir pela opinião deles, precisamos nos fortalecer quanto mulheres. Temos a barreira do assédio, por exemplo, e já precisamos criar algumas táticas para evitar isso. Quando vamos sair a noite, já escolhemos uma roupa pensando no que isso vai nos causar e ainda ter que se limitar por conta do gosto dos homens não faz sentido. Nós estamos no século 21", destaca.
Do ponto de vista masculino e profissional, o estilista Camilo Santorini, de 34 anos, esclarece que tudo vai de acordo com o gosto de cada pessoa e que a moda, de uma forma geral, vive hoje um momento de empoderamento.
"Isso de peças ou acessórios que os homens não gostam é bem corriqueiro e acaba reforçando uma cultura errada. Agora nós estamos em um momento de empoderamento, o que tem a ver também com a moda ser muito mais agregadora com os outros tipos físicos. A moda é ditada, mas as pessoas consomem ela como querem", afirmou.
A universitária Lane Oliveira, de 25 anos, destaca que a necessidade de aprovação por parte dos homens, de certa forma, acaba anulando a subjetividade das mulheres.
"É horrível que em 2018 ainda tenhamos que ouvir homens opinarem sobre como devemos nos vestir. Essa necessidade de aprovação masculina anula as subjetividades das mulheres e não devemos aceitar o machismo e suas várias formas de manifestação. Homens só devem opinar sobre roupas que os mesmos forem vestir", ponderou.
Feminicídios
Somente em 2017, foram expedidas quase 2,2 mil medidas protetivas, segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Nas delegacias especializada em atendimento `às mulheres, foram registrados quase 3 mil boletins de ocorrência por ameaça e mais de 1,3 mil por lesão corporal.
Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), o Estado tem a maior taxa de feminicídio da região sudeste e ocupa também a 3ª posição entre os estados mais violentos do país.