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Caso Milena Gottardi: defesa pede que réu não seja julgado por feminicídio

O chamado recurso em sentido estrito (RESE) suspende o júri até a análise do pedido por uma câmara de desembargadores do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

Dhionatas (esquerda) e Bruno (esquerda) são acusados de participação na morte de Milena

A defesa dos acusados de participação no assassinato da médica Milena Gottardi, Dhionatas Alves e Bruno Broeto, ingressou com recurso em sentido estrito (RESE) no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). De acordo com o advogado Leonardo da Rocha de Souza, para o réu Bruno foi pedido a impronúncia dele, para que não vá a júri popular. Já para Dhionatas, acusado de ser o executor do crime, o recurso é para que ele não seja julgado por feminicídio.

O chamado recurso em sentido estrito (RESE) suspende o júri até a análise do pedido por uma câmara de desembargadores do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. 

“Pedimos a impronúncia do Bruno, porque não há provas de autoria e participação dele. Já para o Dhionatas, foi por conta das qualificadoras reconhecidas pelo juiz, principalmente a de feminicídio. A defesa entende que não são devidas, pois são de caráter subjetivo e caberia ao Hilário [Frasson, que é o ex-marido da vítima e acusado de ser o mandante do crime]. Dhionatas cometeu o crime porque foi contratado”, afirmou o advogado.

O advogado da família da médica, Renan Sales, informou que ainda não tem ciência do pedido desses recursos, mas espera que a justiça mantenha a decisão de pronunciar todos os acusados para júri popular. “Por mais que a gente espere por esses recursos e que seja parte do estado de direito recorrer, sabemos que não há razão que justifique a impronúncia dos acusados. Há mais que indícios, há provas”, destacou.

A médica foi assassinada a tiros no estacionamento de um hospital

Sales explicou ainda que, enquanto esses recursos não forem julgados, a data do júri popular de Dhionatas e nem o de Bruno poderão ser agendados. “O juiz não pode realizar ou marcar a data do júri antes que esse recurso seja julgado. Os seis foram pronunciados para júri popular, mas o recurso só impede o julgamento dos réus que entraram com ele, não dos outros. Me causa estranheza o pedido para o Dionathas, já que ele é réu confesso. Acho que a Justiça não vai mudar o que já foi definido”, disse.

Leonardo da Rocha acredita que até o final do ano a situação dos réus seja resolvida. “Acredito sempre na Justiça. Os recursos devem ser julgados em cerca de dois meses e até o final do ano a situação deles deve ser resolvida”.

Júri Popular

O ex-marido da médica Milena Gottardi, Hilário Frasson, além dos outros cinco acusados de envolvimento na morte da médica, serão levados a júri popular. A decisão é do juiz Marcos Pereira Sanches, da 1ª Vara Criminal de Vitória, concedida no dia 13 de agosto. A data do julgamento ainda não foi marcada.

Segundo o documento que determina o júri, Hilário Antônio Fiorot Frasson, Espiridião Carlos Frasson, Valcir da Silva Dias, Hermenegildo Palauro Filho e Dionathas Alves Vieira são acusados de cometer o crime por motivo torpe, enquanto Bruno Rodrigues Broetto teve participação na morte de Milena "mediante recurso que dificultou a defesa da vítima".

O documento cita ainda que, embora Hilário, Esperidião, Hermenegildo, Valcir e Bruno tenham negado a participação no crime, Dionathas confirmou, durante os interrogatórios, ter matado a médica após promessa de pagamento da quantia de R$ 2 mil depois de conversas com Hermenegildo e Valcir, iniciadas cerca de dois meses antes.

O júri popular era esperado por amigos e familiares de Milena Gottardi, assassinada em setembro de 2017, quando saía do Hospital Universitário, em Vitória, onde trabalhava.

A data do julgamento ainda não foi definida porque há prazo para recurso da defesa. Só após esgotar todos os recursos, é que o juiz poderá marcar o júri popular.

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