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Família de venezuelanos recomeça a vida no Espírito Santo

A crise na Venezuela tem feito famílias deixarem cada vez mais o país vizinho e cruzarem a fronteira com o Brasil

Ilha de Margarita, na Venezuela. É para uma pequena imagem da cidade natal que More Fernandez se emociona ao lembrar com carinho do país onde nasceu e viveu até 2014.

Quando More e o marido, Roberto Ortiz, saíram da Venezuela há 4 anos, o destino inicial não era o Espírito Santo. Era no Panamá que o casal, junto com o filho mais velho, pretendia recomeçar. Mas por conhecerem pessoas no Brasil, eles decidiram vir para o Estado, e escolheram Vila Velha a nova casa. "Ficamos sem trabalho, sem dinheiro e sem casa. Perdemos tudo. Então quando chegamos foi muito difícil", disse Roberto.

Nos dois últimos anos, a família de More e Roberto se empenhou em ajudar outros venezuelanos que estavam em busca de um recomeço. Entre as famílias está a de Marvys, Edgar e Michelle, que chegou ao estado há ´alguns dias.

Marvys e Edgar tentaram restabelecer a vida no Panamá mas, pouco tempo depois,voltaram para a Venezuela. Decididos a não ficarem muito tempo por lá e, com a ajuda de More e Roberto, aceitaram se juntar à família em Vila Velha. Os últimos momentos antes de arrumar as coisas e vir para o Brasil foram os mais marcantes. "Para mim foi algo impressionante. Ver as pessoas comerem do lixo porque não tinham suporte. Ver pessoas muito fracas e com roupas sujas, e pessoas que eram de uma boa classe social, que não estão passando fome, mas também não estão comendo bem", disse Marvys.

Edgar não tem dúvidas que a chegada da família no estado é a grande oportunidade de recomeço que precisavam. "Sinto que poderei dar um futuro melhor para a minha filha, porque não podemos pensar só na gente, mas também na nossa filha que só tem 4 anos. Não queremos que ela viva a mesma situação das crianças da Venezuela. Essa foi uma das coisas que nos fizeram sair de lá, imigrar para o Panamá e agora para cá".

Michelle sentiu toda dificuldade dos conterrâneos. Ela ajudou a alimentar grande parte dos moradores que não tinha o que comer e nem onde dormir. "Eu fazia a comida mais tradicional da Venezuela, que é a 'Arepa'. Fazia aproximadamente 100 pares inteiros de maior tamanho e distribuía pelas ruas" .

Para cada história há uma esperança, seja para quem chegou há mais tempo ou acabou de optar pela mudança. "Voltar para o meu país não é uma opção agora. Daqui uns 15 ou 20 anos talvez a gente se estabeleça em algum lugar. 

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