Geral

Nicarágua expulsa missão de Direitos Humanos da ONU

O governo do presidente Daniel Ortega expulsou nesta sexta-feira, 31, a equipe do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU da Nicarágua. A decisão ocorre dois dias depois da publicação de relatório sobre os abusos cometidos pelo regime contra manifestantes que pedem a saída do presidente.

Guillermo Fernandez Maldonado, chefe da missão da ONU na Nicarágua, disse em entrevista coletiva nesta sexta que ele e sua equipe deixam o país no sábado.

"Apresentamos o relatório para não polarizar, mas para mostrar o que havíamos visto", disse Fernandez. "Isso teve muita cobertura da mídia e não esperávamos a reação do governo nesse sentido. Nós só fizemos o nosso trabalho."

Em comunicado, o escritório regional de Direitos Humanos da ONU para a América Central disse que recebeu uma carta na quinta-feira, 30, do Ministério das Relações Exteriores, notificando que o convite do governo havia acabado.

"A carta indica que o referido convite foi prorrogado com o objetivo de acompanhar a Comissão de Verificação e Acompanhamento e que com os motivos, causas e condições acabados que motivaram o referido convite, o convite é considerado concluído."

Foi um dia difícil para a ONU na América Central. Enquanto a missão de direitos humanos se preparava para deixar a Nicarágua, veículos militares cercaram a sede da missão anticorrupção apoiada pela ONU na capital da Guatemala. O presidente guatemalteco, Jimmy Morales, enfrenta uma tentativa de retirada de sua imunidade para que ele possa ser investigado por suposto financiamento ilícito de campanha.

O Conselho de Segurança da ONU discutirá a situação na Nicarágua em 5 de setembro.

Mortes

Mais de 300 pessoas foram mortas desde que os protestos populares começaram em meados de abril, provocados por cortes no sistema de seguridade social. Ortega reverteu os cortes, mas as manifestações rapidamente se expandiram e se transformaram em pedido da renúncia do presidente.

Ortega chamou os manifestantes de "terroristas" e acusou-os de trabalhar em conjunto com interesses domésticos e estrangeiros que, segundo ele, querem que sua saída do cargo.

O governo também acusou a equipe da ONU de extravasar sua autoridade violando a soberania da Nicarágua e afirmou que o órgão não havia sido convidada para avaliar a situação dos direitos humanos, mas para acompanhar a comissão que trabalha para encerrar a crise.