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Conheça o projeto agroecológico "Comunidade que Sustenta a Agricultura" no ES

O projeto teve início no Brasil em 2011 e chega agora ao Espírito Santo para contribuir com a melhora da situação alimentar de crianças e adultos

Ana Julia Chan *Estagiário

Redação Folha Vitória

Diante do debate constante do consumo exagerado de agrotóxicos e em busca de uma dieta mais saudável, agricultores e consumidores têm investido em alternativas para a alimentação e formas de valorizar o agricultor. 

Dessa forma, um grupo de capixabas decidiu dar início ao projeto Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), que oferece benefícios tanto para a terra quanto para o homem e tem como principal objetivo valorizar pequenas produções agrícolas e estreitar as relações entre agricultores e consumidores.

Para João Batista, agricultor e membro da equipe de planejamento do projeto no Espírito Santo, a principal diferença entre os consumidores de produtos adquiridos diretamente dos agricultores em relação aos produtos fornecidos pelos supermercados é o respeito. 

"O consumidor sabe quem produz e o agricultor sabe quem consome. Não é só uma relação de compra e venda. É parceria, união. É esperar os momentos de dificuldades para consumir determinado produtos, esperar as intempéries. Há o respeito, tanto com o produtor, quanto com a natureza", afirma.

O projeto teve início no Brasil em 2011 e chega agora ao Espírito Santo para contribuir com a melhora da situação alimentar de crianças e adultos. O CSA Sapê do Norte, que refere-se ao território quilombola de Sapê do Norte, que abrange diversas comunidades entre São Mateus e Conceição da Barra, terá início com até 50 co-agricultores associados, que receberão semanalmente alimentos agroecológicos. "É uma espécie de intercâmbio entre o campo e a cidade. Uma relação de respeito mútuo. Vai além das políticas públicas, o CSA é um caminho mais alternativo", explica João.

O planejamento e financiamento da produção é feito de forma conjunta, sendo o resultado da colheita compartilhado. Assim, as perdas e os excedentes de produção são divididos entre o grupo de associados. O agricultor João defende que o projeto é capaz de tornar as pessoas mais conscientes sobre o processo de produção e sobre o que consomem: "Acredito que esse modelo torna as pessoas muito mais conscientes, faz com que elas façam uma reflexão sobre o que está em torno, no que se consome no dia a dia, faz refletir de onde vem aquele alimento".  

A primeira entrega será feita na próxima quinta-feira (4) e João mostra-se empolgado e esperançoso com a iniciativa. "O projeto ainda está em processo de construção e aos poucos vai se consolidando. Pra gente é um orgulho saber que agora a produção vai ter um destino certo. É uma certeza para os agricultores! A relação produtor x consumidor é diferente. Deixamos de ser produtores e somos cultivadores, já os consumidores passam a ser co-produtores", comenta. 

O projeto

As inscrições para o projeto tiveram início em setembro e vão até o final deste mês. O associado deve preencher um formulário e efetivar o pagamento de uma taxa que será destinado diretamente para o desenvolvimento da produção no campo, ajudando os agricultores.