Primeiro caso clínico de 'viciado em Netflix' é registrado na Índia
Quem curte as séries ou filmes do serviço de streaming Netflix, deu um novo significado à palavra que, na verdade, ainda não existia
O verbo 'maratonar' já deixou de ser, há muito tempo, uma palavra voltada para os atletas que encaram os 42 quilômetros de uma maratona de corrida. Quem curte as séries ou filmes do serviço de streaming Netflix, deu um novo significado à palavra que, na verdade, ainda não existia.
Teoricamente, o novo verbo significa assistir todos os capítulos de uma série ou vários filmes de uma mesma franquia de uma só vez. A questão é que, por conta desse novo jeito de assistir aos produtos, supostos casos de pessoas viciadas estão aparecendo, pois muitos ficam mais tempo do que deveriam diante das telas.
E isso não é teoria da conspiração. O primeiro caso clínico de “vício em Netflix” já foi confirmado: um usuário indiano, que passava em média sete horas por dia assistindo aos produtos na plataforma, foi encaminhado para um tratamento em um hospital para distúrbios mentais.
De acordo com o jornal The Hindu, na última semana, a clínica do Serviço para Uso Saudável da Tecnologia (SHUT, em inglês) do Instituto Nacional de Saúde Mental e Neurociências (NIMHANS) em Bangalore, Índia, tratou um homem de 26 anos que disse “estar viciado em Netflix por mais de seis meses”.
Segundo informações do site, o hábito compulsivo causava fadiga, cansaço visual e ciclos irregulares de sono. Manoj Kumar Sharma, chefe da SHUT, disse que assistir à programação dessa forma contribuiu para que o paciente esquecesse suas preocupações enquanto estava desempregado, por um longo período de tempo: “sempre que sua família o pressionava para ganhar a vida ou quando via seus amigos indo bem, ele assistia às atrações, em oferta contínua. Foi um método de escapismo. Ele podia esquecer seus problemas e obteve imenso prazer com isso”, disse o médico.
Dose de uso
Atualmente, a Netflix possui mais de 130 milhões de assinantes em todo o mundo. Uma pesquisa da companhia de equipamentos de rede Sandvine aponta que atualmente 15% do tráfego de streaming baixado na web vêm da plataforma, que afirma ter uma média de 50 minutos por usuário diariamente.
O número de pessoas procurando por terapia para tratar “vício em Netflix” vem aumentando e a primeira recomendação dos profissionais é, claro, dosar o uso. Como isso soa muito mais fácil de falar do que fazer, alguns médicos vêm desenvolvendo um programa para cuidar desses pacientes — sempre com a ideia de que é preciso reconhecer que a vida “lá fora” pode ser tão recompensadora que a representada nas telas.
A dependência em displays não está atrelada somente à Netflix e atualmente há um esforço conjunto das gigantes da tecnologia para combatê-la. A Google e a Apple já vêm distribuindo monitores e gerenciamento de uso para evitar a sobrecarga e outras companhias também estão seguindo este caminho.
A própria Netflix também vem falando discretamente a respeito, ao sugerir para que seus espectadores tenham “responsabilidade nas maratonas”. Mas, ao que parece, isso ainda não é o suficiente. E você, o que acha disso tudo? Deixe suas opiniões nos comentários.
As informações são do site TecMundo.