“Aulas não serão suspensas por um ou dois casos de Covid”, disse Nésio Fernandes

Nésio Fernandes Crédito: arquivo pessoal

A Secretaria de Estado da Saúde prepara para publicar na tarde desta segunda-feira (31) uma nota técnica que vai regulamentar os protocolos para casos de Covid nas escolas com o retorno das aulas presenciais – na rede estadual, marcado para esta quinta-feira (03). Segundo o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, o retorno às aulas não será adiado e serão priorizados a testagem e o isolamento dos casos positivos no lugar da suspensão das aulas.

“Nós estamos fechando os detalhes e publicando amanhã (hoje) nota técnica em que a recomendação do Estado será para não fechamento das escolas no momento que identificar casos. Nossa sugestão é que todas as pessoas sintomáticas e contatos sejam testados e que se isole somente as crianças e os profissionais que sejam positivos na testagem”, disse Nésio.

“Vai testar os que tiverem sintomas e orientar a testar os que tiveram mais de 15 minutos de contato com aquelas crianças. O foco é na testagem, no isolamento dos positivos e na manutenção das aulas nas escolas. Nossa proposta é que, a priori, as aulas não sejam canceladas”, afirmou o secretário.

Segundo ele, a suspensão das aulas será o último recurso a ser adotado e que haverá uma “medida” a ser utilizada para esse caso. “Não vamos suspender as aulas quando encontrarmos um, dois casos numa escola. Vamos definir, por exemplo, que determinado percentual de positivos suspenda um grupo maior. Ainda não definimos esse percentual. Pode ter uma medida de suspensão das aulas se tiver uma quantidade muito grande de casos numa escola. Vamos fechar isso ao longo do dia”, disse Nésio.

Retorno às aulas

Nésio: “Não tem sentido escolher, neste momento, sacrificar novamente a educação das crianças e dos adolescentes”
Crédito: Sesa

Nésio Fernandes contou também que essa semana, no retorno às aulas presenciais, também se inicia uma campanha para conscientizar os pais sobre a importância da vacinação das crianças. A ideia é que os pais já preencham e assinem a autorização para a vacinação no portal Vacina e Confia, do governo do Estado, para que quando chegar a vacinação nas escolas, não seja necessária a presença dos pais para imunizar os estudantes.

Quanto à vacinação nas escolas, Nésio disse que cada município vai definir a melhor estratégia. “A escola é o melhor espaço para poder vaciná-los”, defendeu, esclarecendo qual é a posição do governo com relação ao retorno das aulas presenciais, mesmo em meio a uma alta de casos de Covid e ainda uma baixa adesão na vacinação das crianças.

“A posição do governo é a mesma posição da Unesco, Unicef, que a educação deve ser privilegiada no retorno e retardada no fechamento (das atividades, por conta da pandemia). A escola, além de garantir o acesso à educação, garante outros direitos associados. O fechamento prolongado das escolas atinge profundamente as crianças mais vulneráveis, tanto no que diz respeito à segurança alimentar, à segurança fisica, na identificação de outras violências, e também há um prejuízo pedagógico que impacta no desenvolvimento”, disse Nésio.

Questionado se o ambiente escolar é seguro para um retorno às aulas presenciais no atual momento da pandemia no Estado, Nésio disse que a escola não é diferente de outros locais frequentados pelas crianças e adolescentes.

“O risco do ambiente escolar não é diferente, e pode ser inclusive menor, que o risco de outros ambientes frequentados pelas crianças. Existe uma característica distinta da Ômicron com relação a outras variantes”, disse o secretário, afirmando que não há hoje um ambiente livre da Covid.

“A Ômicron se consolida como uma variante com presença destacada em todos os ambientes, inclusive os domésticos. Não tem como dizer que fechar as escolas seja uma medida eficaz para conter a transmissão de casos ou que as escolas vão alimentar um pico maior da curva de transmissão. A nova fase da aceleração da Ômicron se estabeleceu com as escolas fechadas, com as crianças em ambiente familiar. A grande explosão de casos em idades pediátricas deste ano e do ano passado se deram no período das férias, então não tem sentido escolher, neste momento, sacrificar novamente a educação das crianças e dos adolescentes”, afirmou.

Polarização

Para o secretário, o tema da volta às aulas é mais um dos que foi polarizado politicamente durante a pandemia. “Esse tema foi muito polarizado. Parte do movimento sindical assumiu como uma posição de antagonismo contra o bolsonarismo e em alguns momentos chegou a se desenhar que defender o retorno das aulas seria uma postura negacionista, bolsonarista, conservadora. Quando não, tanto nos países socialistas quanto nos de direita, as escolas foram assumidas como uma política universal, prioritária. A escola não é uma agenda do negacionismo e nem do conservadorismo. É uma agenda dos direitos da infância e da família”.

A coluna noticiou que o retorno às aulas presenciais já virou tema polêmico e que pode descambar para o debate político-ideológico. Nas redes sociais grupos a favor e contra o adiamento das aulas já se enfrentam e programam manifestações a respeito.