Hartung incentiva Majeski a disputar o Congresso

Num encontro marcado por um amigo em comum, o ex-governador Paulo Hartung incentivou o deputado estadual Sergio Majeski a disputar o Congresso – deputado federal ou Senado. O encontro ocorreu na última sexta-feira (11) e a iniciativa do convite para a conversa teria partido de Hartung.

O encontro seria mais um entre tantos que têm ocorrido às vésperas da campanha eleitoral, se não fosse por um detalhe: Hartung e Majeski passaram quatro anos (2014 a 2018) em lados opostos, numa relação marcada por embates ferrenhos, críticas ácidas e retaliações, tendo, como pano de fundo, principalmente a área da Educação. Entre os projetos da gestão Hartung mais combatidos por Majeski estavam o fechamento de turmas e a implantação da Escola Viva.

Na Assembleia, Majeski era a principal voz de oposição ao governo de Hartung. Ele foi eleito pelo PSDB, partido do então vice-governador César Colnago, mas isso não o impediu de fazer críticas à gestão e não poupou nem sua própria legenda.

É fato, porém, que as críticas nunca foram para o lado pessoal, ficando sempre no âmbito da política. Embora não concordasse com a maneira de Hartung governar, Majeski já admitiu, anteriormente, a capacidade de gestão do ex-governador e sua visão política. Mesmo assim, chama a atenção essa tentativa de aproximação entre os dois num encontro, no mínimo, inusitado.

Na conversa, que teria sido amistosa, Hartung teria elogiado o mandato de Majeski, mas também teria dito que ele deveria pensar em ir além da Assembleia, disputar o Senado ou a Câmara Federal. Hartung teria falado que o deputado poderia fazer parte das novas lideranças que estão surgindo para o próximo ciclo de 20 anos na gestão do Estado.

Também teria sido sugerido que Majeski migrasse para o PSD, partido que deve abrigar o superintendente da Polícia Federal, delegado Eugênio Ricas, caso ele decida concorrer ao governo do Estado. O PSD é também um dos partidos mais próximos de Hartung. Muito devido à amizade que tem com o presidente nacional, Gilberto Kassab, que já chegou a citar o ex-governador capixaba como um possível presidenciável da legenda.

O deputado estadual Sergio Majeski foi procurado pela coluna e confirmou o encontro.

Malas prontas

Majeski está de saída do PSB, partido do governador Renato Casagrande. Em entrevista recente dada ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na rádio Jovem Pan News Vitória, Majeski disse que foi abandonado pelo partido, desde o início, quando se filiou em 2018 e pretendia disputar o Senado.

Depois, enfrentou embates internos em 2020, quando se colocou para disputar a Prefeitura de Vitória. Ele não passou pelas prévias dos socialistas. A partir de então, Majeski quase não tem tido vida partidária e na Assembleia chegou a subir o tom contra a gestão Casagrande. Não chega a ser oposição, mas seu mandato é independente.

Majeski decidiria essa semana seu futuro partidário, mas adiou para tomar uma decisão numa data mais próxima ao final do prazo da janela partidária – que termina em 1º de abril. Suas conversas, porém, não envolvem o PSD. Majeski está mais próximo de dois partidos: o PDT e o seu ex-partido, o PSDB, que também vem enfrentando turbulências internas.

Na última sexta-feira, o ex-vice-governador César Colnago (PSDB) anunciou que, após encontro com o governador paulista e presidenciável tucano, João Doria, iria pedir exoneração de seu cargo na Assembleia para focar 100% em sua pré-campanha para o governo do Estado.

Quatro horas depois, porém, o PSDB capixaba emitiu uma nota dizendo que “ainda não há qualquer definição acerca de candidatura própria da legenda ao governo do Estado”. “O que se pode dizer é que o tucanato capixaba tem, sim, dialogado com outras forças políticas, em um movimento que conta com o total conhecimento e anuência do presidente nacional da sigla, Bruno Araújo”, acrescenta a nota que, em outras palavras, desautorizou Colnago.

A janela partidária entra nas duas semanas finais e a única certeza que se tem até agora é que a célebre frase do ex-governador mineiro Magalhães Pinto faz morada por aqui: “Política é como nuvem. Você olha ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.