Casagrande e Bolsonaro juntos? Aliados do governador pedem voto para os dois nas redes sociais

Aliados do governador Renato Casagrande (PSB) começaram a campanha para tentar reeleger o governador nesse segundo turno com uma nova estratégia: juntar o socialista com o presidente Bolsonaro (PL) nas redes sociais e pedir voto para os dois.

Os perfis no Instagram do vice-prefeito de Vila Velha, Victor Linhalis (Podemos) – que foi eleito deputado federal –, o do ex-secretário da Segurança Pública Coronel Ramalho (Podemos), o do presidente do Podemos, Gilson Daniel – também eleito deputado federal –, e do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, entre outros, amanheceram nesta quinta-feira (06) com postagens semelhantes nesse sentido.

“Fechado com Bolsonaro 22 para presidente e Casagrande 40 para governador, apoio quem tem trabalho e responsabilidade de verdade com o Brasil e Espírito Santo”, escreveu Victor na legenda de uma imagem em que aparece ele, Casagrande de um lado e Bolsonaro de outro.

“Eu sou a favor da governabilidade. Governar é saber dialogar e encontrar um termo, onde o desejo da sociedade e as obrigações do estado se alinhem. Saber fazer política é um dom para poucos. O discordar é bom, quiçá essencial. ‘Na multidão de conselhos que se encontra a verdadeira sabedoria’. É nisso que eu acredito, por isso sou 22 e voto 40!”, escreveu Ramalho em sua postagem, com uma montagem com as fotos de Bolsonaro e Casagrande.

“Meu voto do segundo turno será o mesmo do primeiro. Casagrande 40 e Bolsonaro 22. Responsabilidade com o Espírito Santo!”, escreveu Gilson Daniel. Euclério, que já tinha externado tal posicionamento antes até da campanha, também fez postagem, sem fotos, dizendo ser Bolsonaro e Casagrande.

Embora integrantes do PP e do Podemos no Estado sejam mais favoráveis a Bolsonaro, as postagens, que parecem coordenadas, são inéditas e podem sinalizar que, nesse segundo turno Casagrande pode se distanciar ainda mais da figura do ex-presidente Lula (PT) na campanha.

Nas redes sociais, os comentários se dividem entre quem apoia Bolsonaro e Casagrande e quem rejeita – entre esses, eleitores de Manato e do Lula.

Bolsonarismo faz morada

No Espírito Santo, Bolsonaro venceu com 52,16% dos votos válidos, enquanto Lula obteve 39,51%, uma diferença absoluta de 465.480 votos. O favoritismo de Bolsonaro em terras capixabas já era esperado, uma vez que nas últimas eleições presidenciais, o PT não tem encontrado aqui terreno fértil – embora no último domingo, o partido tenha dobrado sua representação na Assembleia e na Câmara dos Deputados.

Casagrande tem ciência desse cenário e, por isso, ainda que seu partido (PSB) tenha fechado uma coligação nacional com o PT, o governador não trouxe Lula para seu palanque. Quando questionado, o governador respondia que votaria em Lula, mas não se tem notícia de que durante a campanha, nas carreatas e comícios, ele tenha pedido voto para o petista.

Na noite de ontem (05), o candidato ao governo Carlos Manato (PL) disparou em suas redes sociais um vídeo em que mostraria uma gráfica fazendo adesivos com os nomes de Casagrande e Bolsonaro.

“Desesperada, a esquerda de Casagrande, apoiador de Lula, na tentativa de enganar o eleitor do Espírito Santo e atrair os votos de quem vota em Bolsonaro, comete crime eleitoral ao mandar fazer adesivos com o nome de Casagrande e Bolsonaro. Não caiam neste golpe da esquerda! No Espírito Santo, o candidato de Bolsonaro chama-se Manato”, escreveu Manato, sem porém apresentar provas de que o adesivo foi encomendado pelo adversário.

A campanha de Casagrande negou ter mandado fazer tal material. “Isso não é da campanha”, disse Vitor de Ângelo, coordenador da campanha à reeleição do governador. Questionado também sobre as postagens dos aliados, ele também informou que não foi estratégia coordenada por ele. “Deduzo que é uma forma que as lideranças locais que são Bolsonaro encontraram de se posicionar a favor do governador Casagrande”.