A Corregedoria da PM vai investigar a conduta de um policial militar que, num ônibus do Sistema Transcol, na última sexta-feira (21), na região da Grande Jacaraípe, na Serra, disse aos passageiros para não apoiar ladrão e nem ex-presidiário. Um vídeo, com as falas do policial, circula em grupos de conversas e WhatsApp, denunciando que o PM fez um discurso político.
No vídeo, não é possível saber a linha e nem exatamente o local e o horário dos fatos. No início da fala, o policial cumprimenta os passageiros e explica a razão dele estar ali.
“Tudo bem? Estão me ouvindo? A nossa presença aqui tem uma justificativa, tá, neném? (fala olhando para a criança) As linhas que passam por aqui foram, durante um longo período, alvo de ações criminosas. O trabalho dedicado e técnico da Polícia Militar zerou os assaltos a coletivos nessa região”, falou, dirigindo-se aos passageiros.
O policial continua: “Nem por isso vamos descuidar, vamos continuar intensificando nosso trabalho, deixando sempre claro uma questão para todos: trabalhador deve ser tratado como trabalhador. Ladrão deve ser tratado como ladrão. Nesses coletivos, já prendemos criminosos com arma de fogo, maconheiros, traficantes, foragidos. Conseguimos prender com ajuda da população”.
E ele termina fazendo um pedido: “O que pedimos? Não apoie ladrão. Não apoie ex-presidiário. Não apoie ex-presidiário. Não apoie traficante. Apoie a Polícia Militar, que há 187 anos está ao seu lado ajudando a fazer o Espírito Santo um lugar melhor para todos nós e para as próximas gerações, da qual essa linda garota irá fazer parte. Que você cresça em um país livre. Amém?”, disse o policial, falando com uma menina que estava sentada em uma das cadeiras.
“Ladrão” e “ex-presidiário” é a forma como a campanha de Bolsonaro e aliados do Presidente se referem ao ex-presidente Lula (PT). A campanha de Bolsonaro também tem explorado o fato do petista ter feito campanha no Complexo do Alemão e o associado a uma facção criminosa que estaria no comando da região. A campanha do Lula entrou na Justiça e conseguiu direito de resposta contra as acusações.
Corregedoria vai apurar
A coluna entrou em contato com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) questionando sobre quem é o policial, se o vídeo caracteriza discurso político e quais as providências que seriam tomadas pela Corporação, a assessoria da Sesp respondeu apenas com uma nota: “A Polícia Militar informa que o vídeo será objeto de apreciação por parte da Corregedoria da Instituição”.
Embora a Sesp não tenha confirmado o nome do agente, a coluna apurou que se trata de um sargento, que costuma fazer postagens em redes sociais inclusive a favor de Bolsonaro e de Manato.
De acordo com o Regimento Disciplinar ao PM é proibido manifestações políticas sem a autorização da Corporação e principalmente fardado.
Veja o vídeo: