Prefeitos entraram com tudo na campanha, mas nem todos tiveram sucesso

Euclério e Messias Donato em campanha / Instagram

A eleição deste ano não era municipal, não estava em jogo o cargo de vereadores e nem de prefeitos. Mesmo assim, muitos gestores municipais foram convocados e entraram de cabeça nas campanhas. Alguns tiveram êxito, mas outros não conseguiram emplacar seus aliados nem na Assembleia e nem no Congresso.

Durante a campanha, foi comum ver reuniões e almoços com prefeitos, festas e eventos nos municípios com palanques para candidatos e até a presença dos gestores nas propagandas eleitorais partidárias – algumas foram até parar na Justiça pelo “exagero” dessas aparições. Não que nas outras eleições gerais não tenha ocorrido, mas nessa ficou evidente o trabalho e as digitais dos prefeitos para elegerem seus candidatos.

Os que emplacaram

O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (União), comemora até hoje a vitória do seu aliado e ex-secretário de Governo Messias Donato (Republicanos) à Câmara Federal. Euclério chegou a comprar uma briga com parte do governo, de quem é aliado, para apoiar o ex-secretário.

Isso porque, a candidata do governador Renato Casagrande (PSB) em Cariacica para a disputa federal era a vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB), e Donato foi para o Republicanos – partido que não faz parte da coligação de Casagrande. Donato foi eleito com 42.640 votos.

Euclério também teve sucesso na disputa à Assembleia. Seu aliado e primo Denninho Silva (União), hoje vereador de Vitória, também conquistou uma vaga na Assembleia. Denninho – que tem reduto na Grande Goiabeiras, em Vitória – foi eleito com 25.986 votos, sendo 4.958 só em Cariacica.

O prefeito de Cariacica também apoiou o deputado Marcelo Santos (Podemos), que contou com o apoio de outros prefeitos também. Marcelo chegou a postar em suas redes sociais o apoio de 15 prefeitos, entre eles o de São Mateus, de Viana e de Ibatiba. Marcelo foi reeleito com 41.627 votos.

Outro que também teve sucesso na transferência de votos foi o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos). Seu vice, Victor Linhalis (Podemos), foi eleito deputado federal com 53.483 votos, desbancando figuras tradicionais da política canela-verde como o deputado Neucimar Fraga (PP) – que teve 39.539 votos e ficou como suplente –, e o ex-prefeito Max Filho (PSDB), que teve 16.822 votos e não foi eleito.

Já para a Assembleia, o aliado e vereador Anadelso Pereira (Podemos), não conseguiu ser eleito. Mesmo tendo o apoio de Arnaldinho e participando de praticamente todos os eventos com o prefeito e o vice, teve 14.633 votos.

De Barra de São Francisco, o prefeito Enivaldo dos Anjos conseguiu eleger o sobrinho, Mazinho dos Anjos (PSDB) à Assembleia, com 20.371 votos. Embora tenha sido vereador em Vitória, a votação que Mazinho conquistou na terra do seu tio superou sua votação na capital. Ele teve 7.041 votos em Barra de São Francisco contra 4.228 votos em Vitória. No município do Noroeste, Mazinho foi o segundo mais votado.

Não foi dessa vez

Outros prefeitos, porém, não conseguiram emplacar seus candidatos. O prefeito da Serra, Sergio Vidigal (PDT), não conseguiu eleger a mulher, Sueli Vidigal (PDT), à Câmara Federal. Ela até teve uma votação razoável, 58.251 votos, mas o partido não conseguiu atingir o quociente eleitoral. Ao todo, a legenda teve 120.573 votos.

Na Assembleia, os dois deputados que conseguiram ser reeleitos pelo PDT não têm uma história com o partido. Adilson Espíndula e Zé Esmeraldo se filiaram ao PDT já no final do prazo da janela partidária e não fizeram campanha casada com Vidigal que, além de prefeito é a maior liderança do PDT no Estado. Esmeraldo contou com o apoio do prefeito de Laranja da Terra, Josafá Storch.

Vidigal também contou com fogo amigo dentro de casa. O seu vice, Thiago Carreiro (União), também foi candidato a deputado federal e, durante a campanha, fez diversas críticas contra o prefeito e contra a gestão, da qual também faz parte. Thiago também não se elegeu, mas teve 13.017 votos.

O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), também não conseguiu eleger seu principal aliado, o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), que foi candidato ao Senado. Erick teve 337.642 votos, mas em Vitória teve apenas 46.051, perdendo para Rose de Freitas (MDB), que teve 69.595 votos, e Magno Malta (PL), que conquistou 67.157 votos.

O vereador de Vitória Leandro Piquet (Republicanos), do mesmo partido e que contou com o apoio do prefeito para a disputa à Assembleia, também não teve êxito. Ficou na suplência com 5.274 votos. Pazolini, porém, teria ajudado Denninho. Não com tanta dedicação como fez com Erick, mas Denninho chegou a agradecê-lo pelo apoio.

O prefeito de Cachoeiro, Victor Coelho (PSB), que preside a Associação dos Municípios (Amunes), não conseguiu transferir a maioria dos votos para o seu aliado, o governador Renato Casagrande (PSB), que disputa a reeleição. O município, majoritariamente bolsonarista, deu 58.343 votos (57,32%) para Carlos Manato (PL) e 38.258 votos (37,59%) para Casagrande. Já para a Assembleia, Coelho disse que apoiou os vitoriosos Bruno Resende (União) e Allan Ferreira (Podemos).

De forma coletiva, o apoio de 70 prefeitos à senadora Rose de Freitas (MDB) também não resultou em vitória nas urnas. Durante a campanha, Rose distribuiu jornalzinho com a foto e as falas dos prefeitos que a apoiavam, levou-os a quase todos os seus programas eleitorais na TV – sendo até punida pela Justiça Eleitoral por isso, uma vez que teria extrapolado o tempo de exibição – e contou bastante com a ajuda deles para a campanha.

Rose ainda conseguiu vencer em 47 dos 78 municípios capixabas, mas Magno Malta venceu nos mais populosos – Cariacica, Serra e Vila Velha. Rose teve 747.104 votos (38,17%) e Magno teve 821.189 votos (41,95%) ao todo.

Além do apoio aos aliados, a eleição também serviu para medir a força dos prefeitos em seus redutos eleitorais. Um ensaio para a eleição municipal que será daqui a dois anos e já começa a ser trabalhada nos bastidores.