“Não vai vir disco voador que irá mudar o resultado da eleição”, diz Casagrande

Renato Casagrande / crédito: Dyhego Salazar

O governador Renato Casagrande (PSB) recebeu a coluna De Olho no Poder no Palácio Anchieta, na manhã desta sexta-feira (30), para fazer um balanço das ações do mandato que termina, citar os projetos prioritários para o ano que vem e também analisar o cenário político, estadual e federal.

Pouco antes da entrevista, ele fechou o time do 1º escalão do governo, conforme noticiou a coluna, com os anúncios de quem irá ocupar as pastas de Turismo e a de Ciência e Tecnologia. Disse que agora vai definir os cargos de subsecretários (2º escalão) e chefes de autarquias e empresas públicas e já antecipou algumas definições: como a continuidade de Givaldo Vieira (PSB) à frente do Detran, e a de Amarildo Casagrande à frente do Banestes. Também irá mudar a presidência da Cesan, por conta da Lei das Estatais.

“É uma lei restritiva e que acho injusta. Um líder político competente e com história não pode compor nenhuma diretoria de empresa”, disse o governador se referindo à Lei das Estatais e à impossibilidade de permanência do presidente Cael à frente da Cesan porque o filho, Victor Linhalis, foi eleito deputado federal.

Ele citou as polêmicas envolvendo o deputado Renzo Vasconcelos, que recusou convite para o secretariado, e também Edmar Camata, que foi “descartado” pelo governo federal. “É importante registrar que o critério usado para o Camata não foi usado para outros. Se for usar esse critério, uma parte dos ministros do Lula não poderia ser ministro”, disse Casagrande, negando que tenha uma crise instalada entre PT e PSB.

O governador também avaliou os ministros e as medidas tomadas ou anunciadas até agora pelo governo eleito. Disse estar com uma boa expectativa e considerou que a PEC da Transição, a mudança na Lei das Estatais e a possibilidade do fim da isenção de PIS e Cofins sobre os combustíveis seriam “medidas acertadas”.

“O presidente Jair Bolsonaro tirou todas as tributações dos combustíveis fósseis nessa guerra com os governadores e com os estados. Acho natural que esse debate seja de novo colocado junto à sociedade brasileira. Nenhum país moderno isenta tributação sobre combustíveis fósseis”, explicou.

Questionado se a medida não poderia incidir num aumento do preço dos combustíveis para o consumidor, Casagrande defendeu uma mudança na política de preço. “Você pode voltar com tributação e mudar a política de preço para que não incida no preço dos combustíveis”.

Casagrande e Fabi Tostes / crédito: Dyhego Salazar

Projetos prioritários

O governador também citou uma lista de projetos prioritários, de cada uma das principais áreas do governo, para o ano que vem. Entre eles, está o início do projeto “Escola do Futuro”, na área da Educação, e um pacote de projetos na área de Mobilidade Urbana.

“Terceira Ponte, Complexo Viário de Carapina, Aquaviário, início do Terminal de Carapina, faixa exclusiva de ônibus de Vila Velha e Cariacica”, listou o governador. Ele também se comprometeu a fortalecer o Bolsa Capixaba e o vale-gás, programas da área social para os mais vulneráveis; inaugurar a Unidade Prisional de Xuri, entre fevereiro e março; e ainda estudar a possibilidade de colocação de câmeras na farda dos policiais.

Ele também estuda pedir um financiamento para dar fim ao imbróglio envolvendo a concessão da BR-101, a qual chamou de “novela mexicana”. “Nós temos disposição para assumir a BR-101, nós não suportamos mais essa novela mexicana, longa e chorosa, com relação à BR-101. Se o governo federal não colocar dinheiro do tesouro federal, da União, isso não se resolverá e não retomaremos as obras dentro de 5 anos. Então, se for mais rápido o Estado entrar, eu vou pegar um financiamento para poder fazer. Se a gente puder assumir a concessão e fazer o investimento, tenho disposição para isso. Já estamos tratando com o governo federal e com a ECO101”.

Mesa Diretora da Assembleia

O governador disse também que vai debater em janeiro a eleição da Mesa Diretora da Assembleia e revelou com quem já conversou sobre ocupar o cargo de presidente. Disse, em tom de brincadeira, que espera ter uma base aliada de “30 deputados”, mas que se não for possível trabalha para chegar a 22, 24 parlamentares.

Também falou sobre a relação com o Republicanos e com suas lideranças políticas, como o atual presidente da Assembleia, Erick Musso, e o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini.

E se manifestou sobre a operação da Polícia Federal contra suspeitos de praticarem atos antidemocráticos e integrarem milícias digitais. “A operação da PF veio na direção de coibir excessos de pessoas que vivem de assassinar a honra alheia com mentiras. Quando a pessoa excede o seu direito de fazer críticas, o que cabe é a Justiça atuar”.

Com relação aos protestos em frente aos quartéis por parte de grupos que não aceitam o resultado das eleições, avaliou: “Não tem nenhum problema as pessoas se manifestarem, o problema é o que as pessoas desejam fora da Constituição. Nós tivemos uma eleição e a eleição deu um resultado. Não vai vir disco voador, não vai vir ninguém que irá mudar o resultado dessa eleição. As pessoas tem que aceitar o resultado eleitoral e ir para a oposição. É meio infantil esse tipo de comportamento querendo que a vontade soberana do povo não seja levada em consideração”.

Veja a entrevista na íntegra: