Felipe Rigoni: “Cogito disputar a Prefeitura de Vitória”

Felipe Rigoni à frente do União Brasil

A eleição para a Prefeitura de Vitória é só daqui a um ano e meio, mas as articulações, cotações de candidatos, movimentações partidárias já começaram e mais um nome se apresenta para a disputa: o ex-deputado federal e agora secretário estadual do Meio Ambiente, Felipe Rigoni (União Brasil).

Em entrevista para a coluna na semana passada, Rigoni admitiu que pode concorrer ao cargo de prefeito no ano que vem. “Eu cogito disputar em Vitória, mas é algo que ainda não sentei para discutir. Conversei com algumas pessoas do partido, do governo e algumas pessoas me incentivaram”, disse Rigoni, que agora aumenta a fila dos cotados para disputar a capital.

Rigoni é de Linhares, reduto que o elegeu em 2018 como deputado federal e onde está seu domicílio eleitoral. Por que, então, disputar a capital? – a coluna quis saber. Segundo Rigoni, por dois motivos: a votação que teve em Vitória e o surgimento de novas lideranças em Linhares.

“Há um novo momento em Linhares, foi aberta uma janela para a renovação. E essa renovação pode ocorrer com o sucessor de Guerino ou com outro nome. Por exemplo, o deputado Lucas Scaramussa (Podemos) é uma pessoa que tem se colocado. Em Linhares, eu tenho discutido pouco. Dessa vez (2022), eu tive mais votos em Vitória do que em Linhares. Foi a maior quantidade (em termos absolutos) de votos que eu tive, e eu tenho uma conexão muito grande com a cidade. Já moro aqui há algum tempo”, disse Rigoni.

O ex-deputado federal, que tentou a reeleição em outubro, teve 9.374 votos em Vitória e foi o quinto candidato a federal mais votado na capital. Em Linhares, Rigoni foi o segundo mais votado, com 8.439 votos.

A votação total de 63.362 votos, porém, não foi suficiente para garantir a reeleição de Rigoni. Muito por conta da legenda que não conseguiu alcançar os votos necessários para ficar com uma vaga na Câmara Federal, pelo Espírito Santo. Rigoni preside o União Brasil no Estado.

Apoio do governo?

Questionado se o governo o apoiaria, por fazer parte do primeiro escalão, Rigoni disse acreditar que o governador Renato Casagrande (PSB) não irá apoiar publicamente ninguém, para não gerar um mal-estar entre aliados e não comprometer o restante do seu governo.

“Eu acredito que o governo não vai apoiar ninguém, porque tem muitos aliados possíveis candidatos. Quando o governo se intromete numa situação assim, pode complicar depois. É o último mandato do Renato como governador, pelo menos por enquanto. E os dois anos finais são os de maiores entregas”, justificou o secretário.

Plano B

O martelo, porém, ainda não está batido. Mas, se não concorrer, Rigoni já sabe a quem irá apoiar: o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB) – que é um dos cinco nomes cotados da federação PSDB/Cidadania para a disputa. Os outros são: o ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania), os deputados Fabrício Gandini (Cidadania) e Mazinho dos Anjos (PSDB) e o ex-deputado Sergio Majeski (PSDB).

“Tem bons candidatos na federação. Luiz Paulo é uma boa possibilidade. Sem sombra de dúvida, foi o melhor prefeito da história de Vitória. Mas eu estou refletindo, vamos ver. Tem que discutir com o União Brasil, vou discutir junto com Denninho (deputado)”.

Denninho fica?

Embora tenha citado o nome de Denninho Silva, Rigoni descartou dar a legenda para o deputado disputar a prefeitura. O nome de Denninho, vira e mexe, é ventilado também como um possível cotado para a eleição.

“Ele nunca manifestou isso pra mim (interesse em disputar a prefeitura). E não faz parte do meu acordo com ele garantir uma candidatura em Vitória”, esclareceu Rigoni. Questionado se havia um ruído com o deputado que, nos bastidores, estaria reclamando da gestão de Rigoni e até ameaçando deixar o partido, Rigoni negou.

“Ele não vai sair. Denninho será o presidente do partido em Vitória. A gente já tinha esse combinado, para atuar com a chapa de vereadores. Chapa majoritária quem decide é a estadual. Tem uma resolução do União Brasil que diz que, com exceção dos locais onde tem prefeitos aptos à reeleição, em municípios com mais de 50 mil habitantes, quem decide é a estadual”, afirmou.

Entrevista de Rigoni à colunista Fabi Tostes

Euclério é prioridade

Outro também que teria ameaçado deixar a legenda seria o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio. Rigoni entrou em cena e apaziguou os ânimos e também descartou que o prefeito e outros gestores possam migrar para outro partido.

“Não, ninguém vai sair. Temos três prefeituras: Cariacica, São Domingos do Norte e São Gabriel da Palha. Especialmente em Cariacica, Euclério está no partido e continuará e é nossa prioridade para a eleição de 24”.

À frente do partido

Rigoni pretende continuar à frente do União Brasil no Estado. Este mês está prevista a convenção estadual da legenda e ele deve apresentar chapa para a eleição.

“Por enquanto, a comissão é provisória, mas em breve terá eleição. Deve ser agora, em abril, a convenção. Vou colocar meu nome para ser eleito presidente, acho improvável ter outra chapa disputando. Estamos tentando reconstruir o partido nos municípios, para ter um partido harmonizado”.

No ano passado, houve uma debandada de lideranças da legenda após Rigoni – numa disputa com o atual vice-governador, Ricardo Ferraço (PSDB) – tomar o comando da sigla e anunciar que disputaria o cargo de governador do Estado. A família Ferraço foi uma das que deixaram a legenda. Rigoni chegou a fazer pré-campanha ao governo, mas recuou e tentou a reeleição à Câmara Federal, sem apoiar nenhum candidato ao governo no primeiro turno.

Já no segundo turno, ele fez uma defesa fervorosa pelo voto em Casagrande e seu depoimento, acusando o adversário Carlos Manato (PL) de suposto envolvimento com a Scuderie Le Cocq, pautou e levou para outro nível todo o debate até o dia da eleição.

Ele acha difícil que antigas lideranças retornem à legenda. “Quero montar um partido que pense o futuro do Espírito Santo. Que tenha orientação liberal na economia e no mundo. Temos que nos juntar com gente que pensa assim”, disse o secretário.

Federação subiu no telhado, mas parceria continua

Rigoni contou que dificilmente ainda irá ocorrer a federação entre o União e o PP – segundo ele, por conta de questões regionais e nacionais –, mas disse que a parceria entre os dois partidos, ao menos no Estado, permanece. “Somos muito próximos do PP no Estado e também do PSDB e do PSD”.

E caso o governo do Estado opte por apoiar, no ano que vem, candidaturas do PT nos municípios, mesmo sendo base aliada do governador, Rigoni já tem uma posição: “União Brasil não apoia o PT”.

Rigoni também falou sobre projetos e programas – alguns que serão lançados neste mês – e sobre a reestruturação da secretaria, que foi aprovada na Assembleia. A Seama vai passar de uma para quatro subsecretarias. Ele também falou sobre a relação com o governo federal. Esses temas serão abordados em uma outra coluna.

 

LEIA TAMBÉM:

“Provavelmente, não teremos candidato a prefeito de Vitória”, diz presidente do PSB