André Garcia tem 1º teste de fogo no governo federal

André Garcia

Com menos de uma semana à frente da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) do Ministério da Justiça, André Garcia, ex-secretário da Justiça do Espírito Santo, já enfrenta seu primeiro teste de fogo: resolver o problemão criado com a fuga de dois detentos de um presídio federal de segurança máxima localizado em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Desde 2006, quando as unidades federais foram implantadas – são cinco ao todo: Mossoró (RN),  Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Brasília (DF) –, nenhuma fuga havia sido registrada.

Segundo o Ministério da Justiça, Garcia foi pessoalmente ao estado nordestino para apurar as circunstâncias em que os dois criminosos – identificados como Deibson Cabral Nascimento, o Deisinho, e Rogério da Silva Mendonça, o Tatu, e pertencentes à facção Comando Vermelho – conseguiram fugir.

“O secretário André Garcia, da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), está a caminho de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para investigar os fatos e apurar as responsabilidades do ocorrido. A Polícia Federal foi acionada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e está tomando todas as providências necessárias para a recaptura dos foragidos e a apuração das circunstâncias da fuga”, diz nota da assessoria de imprensa da Senappen encaminhada à coluna De Olho no Poder.

Ainda não há informações se houve facilitação da fuga por parte de algum servidor. A coluna apurou que as fugas teriam ocorrido na madrugada de hoje, mais precisamente às 3h17. Além da Polícia Federal, as forças de segurança estaduais do Rio Grande do Norte também estão auxiliando nas buscas.

Nem assumiu ainda

André Garcia foi nomeado na última sexta-feira (09), mas com o feriado de Carnaval, ele assumiria o posto, de fato, apenas amanhã (15). Ele chegou a Brasília na semana passada, antes da nomeação. E, segundo informações de pessoas próximas apuradas pela coluna, teria passado o feriado de Carnaval em São Paulo.

Ele ainda não teve tempo de se inteirar sobre as questões da pasta e nem de se apresentar à toda equipe – há servidores do Senappen que ainda não tiveram contato direto com Garcia, por exemplo.

Mas, agora, vai precisar dar uma resposta eficaz e rápida, à altura dessa fuga inédita que, nos bastidores, já é tratada como “escandalosa”. O caso já repercute muito mal tanto na Senappen quanto no Ministério da Justiça, que também está sob nova direção, com o comando do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski. Além disso, está servindo de munição para a oposição do governo Lula.

Especialistas ouvidos pela coluna De Olho no Poder não consideram que o fato, em si, tenha potencial de colocar em risco o cargo de Garcia. Primeiro porque ele ainda nem assumiu. Depois porque uma fuga dessa magnitude, de duas lideranças de uma das principais facções criminosas do País, não é tramada da noite para o dia. Ou seja, é bem provável que todo o plano tenha sido arquitetado antes de Garcia ser ventilado para o posto.

Porém, a postura do secretário agora será determinante. Todos os olhos estarão voltados para a resposta que ele dará ao caso e ao seu desfecho, até porque está em jogo a garantia de segurança do sistema penitenciário federal, que está agora sob seu comando. O fato de ter se deslocado até o local da fuga é um ponto positivo.

Não é a primeira vez que Garcia é “testado”. Ele já passou por situações de tensão semelhantes. Em 2017, ele era o secretário da Segurança Pública quando estourou no Estado a greve da PM, que resultou em mais de 200 assassinatos num único mês e um prejuízo de mais de R$ 300 milhões para o comércio. Há quem diga que, na época, ele tratou o movimento com mão de ferro, sendo inclusive contra anistiar os policiais que participaram do motim.

A coluna tentou contato com Garcia, mas não obteve êxito, devido o secretário estar em deslocamento para Mossoró (RN).

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