Taiwan: Estudantes desocupam Parlamento após 24 dias
Taipei - Estudantes deixaram o Parlamento de Taiwan nesta quinta-feira após uma ocupação de 24 dias por terem recebido garantias de que um acordo comercial com a China, considerado prejudicial à autonomia da ilha, será avaliado pelo Legislativo.
O acordo permitiria às empresas de serviços chinesas e taiwanesas, incluindo bancárias, de telecomunicações e turismo, operarem nos dois territórios. Críticos do pacto temem que isso pode custar empregos a Taiwan ou mesmo sua democracia e criticaram a tentativa do partido no poder de aprovar o acordo sem uma revisão detalhada.
O porta-voz dos estudantes Chiang Chi-ji disse que eles acreditam que o acordo deveria proteger a segurança nacional, liberdade democrática, identidade cultural e o meio ambiente de Taiwan. "A política representativa de Taiwan já perdeu completamente sua função", afirmou Chiang, lendo um comunicado ainda de dentro do edifício do Parlamento. "A tomada de decisão 'caixa-preta' do governo obstruiu a participação do povo." Os alunos, muitos usando camisetas pretas com slogans, saíram do prédio sob aplausos de milhares de apoiadores que haviam se reunido para recebê-los.
O partido governista do presidente Ma Ying-jeou tentou em 17 de março pular uma prometida revisão legislativa detalhada do acordo com a China antes da ratificação. Um dia depois, centenas de estudantes invadiram o Parlamento, marcando o início de um protesto sem precedentes em Taiwan, seguido por uma ocupação de escritórios de gabinete e uma marcha que atraiu mais de 200 mil manifestantes. Primeiro, os manifestantes exigiam que o país voltasse atrás no acordo comercial, mas posteriormente concordaram em encerrar o protesto quando o presidente do Parlamento, Wang Jin-pyng, se comprometeu com uma proposta de lei que exige mais consulta pública, incluindo audiências públicas, para acordos comerciais, e que essa medida seja aplicada ao pacto em questão antes de ele ser ratificado.
A polícia de Taiwan disse que nenhum dos manifestantes seria preso se não houver violência. Fonte: Associated Press.