"Temos o privilégio de sentarmos na janela", diz Vidigal sobre posição do PDT nas eleições
O ex-prefeito da Serra e presidente do PDT capixaba, Sérgio Vidigal, vive o dilema de ser disputado por duas grandes lideranças do Espírito Santo. De um lado o governador Renato Casagrande e de outro o ex-governador Paulo Hartung, ambos pré-candidatos ao Governo do Estado nas próximas eleições. Vidigal sabe que agora tem uma posição confortável e pode escolher apoiar aquele que oferecer a melhor proposta.
Confira a entrevista na íntegra:
Folha Vitória: A determinação nacional é que o PDT fique no palanque de Dilma Rousseff, mas no Estado Casagrande já declarou apoio a Eduardo Campos e PMDB liberou o Estado para coligar com quem quiser. Como fica situação do PDT no Estado?
Sérgio Vidigal - A princípio há um indicativo nacional para estarmos no palanque da Dilma, mas a nacional também tem como prioridade a eleição de deputados federais. Se as alianças para um palanque da Dilma não estiver boa é possível que tomemos outra direção, desde que seja justificada previamente na direção do partido.
FV: E se o PT lançar candidato ao Governo?
SV:Nós temos uma resolução no partido de que devemos conversar com todos os candidatos. Já tivemos uma conversa com o PT, mas sobre candidatura proporcional. Uma possível candidatura do PT ao Governo seria um fato novo, mas conversaríamos da mesma forma.
FV: O deputado Da Vitória já fez declarações de que o partido coligaria melhor com o PSB, o senhor concorda?
SV: Respeito as declarações do Da Vitória, mas como deputado. A posição do partido é outorgado a mim que sou o presidente. Ele é candidato à reeleição na Assembleia, então isso é normal. Só que nós do PDT não queremos formar deputados só estaduais, mas também federais.
FV: Há um racha dentro do PDT?
SV: Não estamos rachados. Isso é normal, a pessoa dar preferência a A ou B até porque o Da Vitória faz parte do Governo, é natural. Mas nós temos que ter uma avaliação partidária e não pessoal. Os prefeitos do nosso partido que apoiaram o governador, por exemplo, também entendemos por causa dos convênios firmados com o Governo. Entendemos que o município fique acima do partido nessas horas. Temos de estar com um projeto que seja bom para o Estado e também para que o partido cresça, e isso está sendo analisado.
FV: Para fechar um apoio o PDT prefere uma indicação ao Senado ou à vice?
SV: Não temos um nome para o Senado a não ser que deslocássemos um federal para o Senado, mas acho que não temos um nome competitivo. Temos mais interesse em compor na vice. Mas teríamos que ter um vice com perfil, alguém que seja leal ao partido e que se dê bem com o candidato ao governo. Tem muita gente no partido pleiteando.
FV: E qual ou quais seriam os nomes ideais?
SV: Temos bons nomes, mas prefiro não dizer nenhum, isso pode gerar ciúmes.
FV: Como é para o senhor o PDT ser colocado na posição de “noiva”?
SV: Isso nos deixa muito felizes e honrados. Sabemos que temos essa importância devido ao cenário que se formou. Nós estávamos num ônibus cheio, em pé, e no corredor. Agora temos o privilégio de sentarmos na janela. Como temos um prazo razoável, não temos pressa para tomar decisões. Talvez a gente não encontre uma unanimidade dentro do partido, mas um consenso, mas isso acontece com todos os partidos.
FV: O senhor acha que o fim da unidade para a disputa ao governo foi bom para a democracia?
SV: A unidade é uma coisa que para a política é interessante, mas a disputa é bom para a democracia. Unidade é bom para um grupo de políticos e nesse modelo a população não escolhe, só analisa. É bom para ela poder escolher qual o melhor projeto, isso fortalece a democracia, isso é muito favorável.
FV: O senhor disputará uma vaga na Câmara e a Sueli (Vidigal) não. Foi decisão do partido ou entre vocês dois?
SV: A Sueli colocou que não queria tentar a reeleição. Se ela quisesse eu disputaria para estadual sem nenhum problema. Mas foi uma decisão dela. A nacional até queria que ela fosse candidata. Ela falará sobre isso no momento certo.
FV: Como o senhor avalia a atuação do prefeito Audifax Barcelos?
SV: Não sou a pessoa certa para fazer essa avaliação. Como fiz uma disputa com ele, as pessoas podem achar que estou fazendo uma avaliação com o coração e não com a razão. A população que deve fazer esse comentário. Mas se eu pudesse aconselhá-lo, como já aconselhei algumas vezes, acho que ele deveria governar olhando para o futuro
FV: O senhor pretende voltar à prefeitura?
SV: Não passou isso pela minha cabeça, a política é muito dinâmica. Nesse momento não penso, mas não vou negar que o PDT tem um histórico no município. Isso o partido discutirá em 2016. Estou no momento preocupado com a Serra, e se for eleito (deputado) federal quero contribuir da mesma forma que a Sueli (Vidigal) vem contribuindo, colocando emendas... A população da Serra não pode pagar o preço por uma disputa política.