Política

Haddad tenta colar Alckmin em Temer e fala em 'boa conversa' com Ciro no 2º turno

Redação Folha Vitória

Escolhido para ser candidato a vice e possível substituto de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha presidencial, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) insistiu, em entrevista à rádio Guaíba, em colar a imagem do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do presidente Michel Temer. Por outro lado, o petista fez um apelo para que Ciro Gomes (PDT) esteja junto com o PT no segundo turno da eleição, defendendo uma "boa conversa" entre os dois.

"Nossa impressão é que, por várias pesquisas de opinião, a população está unida em torno do projeto que o presidente Lula representa. Confirmada sua candidatura, eu não tenho dúvida de que ele vencerá no primeiro turno. Caso isso não aconteça, nosso campo estará unido em torno da oposição ao projeto atual do governo Temer e do PSDB", disse Haddad.

Haddad insistiu que Lula irá até "as últimas consequências" para conseguir ser candidato e antecipou a estratégia jurídica do PT ao falar que o ex-presidente vai apelar aos tribunais superiores para defender seu registro. "Existe um dispositivo na Lei da Ficha Limpa que permite aos tribunais superiores garantir em casos específicos a candidatura mesmo de uma pessoa condenada em segunda instância."

Após ser oficializado como candidato a vice na chapa de Lula, deflagrando o "plano B" do PT na eleição presidencial, Haddad intensificou sua agenda de entrevistas se apresentando como o porta-voz de Lula na campanha. Na manhã desta quarta-feira, ele disse à rádio Jornal, de Pernambuco, que é amigo de Ciro e disse ter certeza que os dois projetos estarão juntos no segundo turno.

'Boa conversa'

Após Ciro tecer críticas ao PT acusando o partido de isolá-lo na disputa e de ser comandado da prisão pelo ex-presidente Lula, Haddad optou por não devolver os ataques e fez um apelo para o candidato do PDT. Ele lembrou que Ciro defendeu Lula ao criticar o processo que levou o petista para a prisão. "O Ciro já deu essas declarações todas e não será por uma questão eleitoral que vai abrir mão dos seus valores", comentou Haddad. O ex-prefeito reforçou que os projetos do PT e de Ciro não são idênticos, mas têm "grande compatibilidade" entre si. "Nada que uma boa conversa não possa ajustar no segundo turno."

Na entrevista, Fernando Haddad fez um apelo aos eleitores para que, com a intenção de votar em Lula, não votem em deputados e senadores que estão na chapa de Geraldo Alckmin e fazem parte da base do governo Temer.

Vice

Ao comentar sobre o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, o ex-prefeito da capital paulista e ex-ministro da Educação de Lula disse que o PT subestimou a intenção do MDB ao escolher o partido para compor com Dilma e Michel Temer para ser o vice. Segundo ele, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima "seduziram" Temer para que ele ocupasse o poder.

Ao falar sobre Temer, Haddad declarou que vice "tem uma função simbólica, e não efetiva". Ao ser questionado sobre a declaração, e lembrado que Manuela D'Ávila foi escolhida para a ser a candidata a vice, Haddad disse que se referia à justificativa de que Temer usou para apoiar o impeachment quando e emedebista declarou ser um "vice decorativo" da ex-presidente.

"É preciso ter muito cuidado para escolher um vice agora, porque temos que ter um vice do tipo de José Alencar (vice-presidente nos governos Lula)."

Proposta

Haddad defendeu uma reforma tributária que aumente impostos para mais ricos e diminua para os mais pobres. Ele disse que a proposta não foi colocada em prática durante os governos do PT porque, na época, o salário da população aumentava acima da inflação e que agora o momento é outro.

Ele defendeu discutir uma reforma da Previdência com os "trabalhadores", e disse que Lula sempre defendeu ajuste fiscal, mas sem tirar "direitos" de ninguém.

Haddad propôs ainda substituir lâmpadas da iluminação pública do Brasil por tecnologia LED, o que, segundo ele, vai dar um "choque de segurança no País inteiro" e economizar energia.