Política

Marina diz que não tem preconceito de governar com quadros do PT, PSDB E MDB

A candidata voltou a criticar a reeleição no Brasil e a defender que os legados positivos de governos anteriores sejam aproveitados

Redação Folha Vitória

A candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) disse nesta sexta-feira, 31, que irá governar com os melhores quadros dos partidos políticos, "sem preconceito", citando PT, PSDB e MDB. "Vejo analistas políticos dizendo 'Marina não tem viabilidade, porque não tem o Centrão, não tem dinheiro para pagar marqueteiro mentiroso para enganar o povo'. Não tenho ódio de ninguém, preconceito. Vou governar com os melhores dos partidos, do PT, MDB, PSDB", disse, em fala a empresários na Casa da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), espaço de debates e ensino aberto pela entidade.

Diante de uma plateia de cerca de 150 pessoas, a candidata criticou o que considera desvirtuamento de partidos de suas origens. "Estou andando o País inteiro dizendo que se eu ganhar vai ser bom para todos, inclusive pra quem eu vou derrotar. Eles terão férias. O PSDB vai ter que lembrar Mario Covas; o PT vai ter que deixar o (Eduardo) Suplicy falar; o MDB, que foi o guarda-chuva da democracia brasileira, tem que se lembrar de Ulysses Guimarães, pegar umas aulas com Pedro Simon e voltar melhor para a sociedade."

Ela negou que, se eleita presidente, terá problemas de governabilidade - tema bastante explorado em sua entrevista no "Jornal Nacional" na quinta-feira, 30. "Perguntam como vou fazer para governar, mas eu digo: se preocupem que tenho que ganhar", afirmou, ressaltando que conta em sua equipe com integrantes competentes dos grupos idealizadores do Sistema Único de Saúde, do Bolsa Família e do Plano Real.

Marina voltou a criticar a reeleição no Brasil e a defender que os legados positivos de governos anteriores sejam aproveitados. "As pessoas fazem o que é necessário para se reeleger. Maquiaram contas públicas, roubaram da Petrobras. Temos que ter política de longo prazo no nosso curto prazo político. Em vez de fulanizar as conquistas, partidarizar, precisamos institucionalizá-las. As democracias fazem assim."

A candidata defendeu a manutenção das "coisas boas" e a correção das "coisas erradas" dos presidentes passados. "Desde 2010 estou dizendo: não precisa inventar a roda na economia. Basta manter o superávit primário, meta de inflação, câmbio flutuante. Nas políticas sociais, já foi inventada pelo PT a transferência direta de renda. E tem perna da sustentabilidade. Muita gente entrou e se perdeu, quiseram ficar 20 anos. Não posso ter um governo maravilhoso que só funciona comigo. Senão vai acontecer o que aconteceu na Venezuela: você acaba com a democracia".

Marina falou também sobre seu pouco tempo de TV, 21 segundos, e das dificuldades financeiras de sua campanha, e disse que está se vestindo com peças emprestadas por amigas, para não "repetir roupa" com frequência. "Eu sou candidata a presidente da República pela terceira vez numa luta de Davi contra Golias, franciscana, acordando às quatro horas para pegar voo mais barato, às vezes me hospedando na casa de amigos."

Ela disse também que sua campanha seria um "case de sucesso" caso sua trajetória fosse a de uma empresa, referindo-se a seu alcance mesmo com falta de recursos. "As pessoas reclamam que minhas roupas estão muito repetitivas, aí falei para minhas amigas fazerem um brechozinho. Meu pessoal de campanha já conseguiu uma forma de internalizar (as roupas) como doação para não ser caixa dois", brincou.

Pesquisa do Datafolha divulgada semana passada mostra a candidata em terceiro lugar no cenário que inclui o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - preso pela Lava Jato - e em segundo com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) como seu substituto. No primeiro, Lula tem 39% das intenções de voto, Jair Bolsonaro (PSL), 19%, e Marina, 8%. No segundo, Bolsonaro aparece com 22% e Marina, com 16%.

Foram ouvidos 8.433 eleitores em 313 municípios brasileiros nos dias 20 e 21. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95% (o que quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os números conferirem com o momento atual da campanha, considerado esta margem de erro).

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