Política

Boulos chama FHC de 'hipócrita' e diz que aceno do PT ao centro é masoquismo

Em visita a Salvador nesta sexta-feira, 21, o candidato do PSOL à Presidência da República nas eleições 2018 e coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, chamou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de "hipócrita" e disse que os tucanos são "corresponsáveis pela ascensão do (candidato do PSL à Presidência, Jair) Bolsonaro" à liderança das pesquisas eleitorais. Em tom duro, Boulos também afirmou que "só pode ser masoquismo" a atitude do PT de fazer acenos ao centro político e ao mercado financeiro para tornar o presidenciável do partido, Fernando Haddad, mais palatável aos olhos dos financistas.

Ainda nesta sexta-feira, Marina Silva, candidata da Rede nas eleições 2018, também comentou a carta de FHC e afirmou que PSDB enfrenta as mesmas dificuldades que o PT

"O Fernando Henrique Cardoso é um hipócrita. É um hipócrita porque ele é corresponsável pelo que acontece hoje no Brasil, pela ascensão do Bolsonaro inclusive. Ele e o PSDB. O senhor Fernando Henrique Cardoso apoiou o golpe em 2016 e ajudou a botar o Temer no poder", afirmou o presidenciável do PSOL, durante visita à Sociedade Protetora dos Desvalidos, no Pelourinho.

Ele disse ainda que o ex-presidente tucano "representa, com seu partido, as velhas práticas da política que geraram desilusão nas pessoas, que geraram desesperança".

Conforme a análise de Boulos, "foi desse caldo de desesperança e antipolítica que nasceu Bolsonaro, que gerou um medo que o Bolsonaro aproveitou politicamente e surfou nele".

"Não venham agora querer dar lição de como resolver o problema que eles ajudaram a criar", rechaçou o líder sem-teto, que participa, na capital baiana, de um comício ao lado da sua candidata a vice, a líder indígena Sônia Guajajara.

A declaração de Boulos foi uma resposta à carta divulgada na quinta-feira, 20, pelo ex-presidente tucano. No texto, uma crítica direta à polarização entre Bolsonaro e Haddad, FHC pede união do centro político contra os extremos. Ele afirma, no documento, que "ainda dá tempo deter a marcha da insensatez".

Sobre o a campanha petista, Boulos disse que "é lamentável que não se aprenda com os erros do passado", em referência à aliança feita pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff com o MDB, os partidos do centrão e as oligarquias regionais.

"Nós vimos a turma do PMDB (hoje MDB), do Temer, dar um golpe no Brasil. É preciso aprender com isso. Aí nós vimos, há duas semanas atrás, o Haddad ir para o Ceará tirar foto com o Eunício (Oliveira, presidente do Senado), ir para Alagoas tirar foto com o Renan (Calheiros). Ora, isso só pode ser masoquismo. Não é possível, não tem explicação uma coisa dessa", criticou o psolista.

Setor financeiro

Em resposta a jornalistas, o coordenador do MTST também partiu para o ataque contra o setor financeiro. "No nosso palanque, não cabe quem são os responsáveis por esse estrago do País. Não dá para ficar em cima do muro. Para que possamos retomar direitos sociais, vamos ter que enfrentar o privilégio dos bancos. Não somos candidatos para atender o interesse do mercado, da bolsa de valores. Se a bolsa de valores, se os banqueiros querem decidir quem vai governar o Brasil, então acaba logo com a democracia e decide o presidente no pregão da bolsa", afirmou.

Em Salvador, além de visitar a Sociedade Protetora dos Desvalidos, no Pelourinho, Boulos deu entrevista à TV Aratu, afiliada local do SBT, e almoçou reservadamente como reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Carlos Salles.

No final da tarde, ele faz comício na Praça da Piedade, no centro da capital baiana, para apoiadores.