Mourão trabalha na reorganização das atividades da campanha de Bolsonaro
O general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), fará neste sábado, 8, uma visita ao presidenciável no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Com o afastamento de Bolsonaro da campanha de rua desde o atentado de Juiz de Fora, na quinta-feira, 6, Mourão é um dos integrantes da equipe dele que participam de um esforço para reorganizar as atividades eleitorais da candidatura.
A equipe de campanha de Bolsonaro deverá ter uma série de reuniões ao longo da próxima semana para discutir rumos e estratégias.
Na terça-feira, Mourão e outros integrantes do grupo se reúnem em Brasília. Ao passo que se recupera da facada que levou num evento público na cidade mineira, Bolsonaro tem feito vídeos e mandado mensagens para simpatizantes.
Os aliados pretendem manter alguns compromissos na ausência do candidato. "Eu posso substituí-lo em alguns eventos, mas ele é o candidato, ele é o dono da bandeira, ele é o mito", afirmou Mourão.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Mourão listou três "ramos" de atividades da coordenação da campanha - o foco na recuperação de Bolsonaro, que ainda corre risco de infecção, a investigação da Polícia Federal e a reorganização dos trabalhos.
Ele lamentou que uma das bases da campanha era o corpo a corpo do candidato, que está suspensa. "Neste primeiro momento, estamos pensando apenas na saúde dele", disse o general.
Uma viagem ao Nordeste para ganhar votos de eleitores "órfãos" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi cancelada. O roteiro incluía Recife, Maceió e Salvador.
Também estava prevista uma viagem a Curitiba nos próximos dias, a convite do candidato a deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR). Coordenador da campanha de Bolsonaro, ele lamentou ainda que teve de sair do foco político para acompanhar as investigações do atentado em Juiz de Fora.
Neandertal
O tom da campanha de Bolsonaro daqui para frente será dado pelo próprio candidato. Em seus primeiros vídeos, o candidato repetiu frases tradicionais de seu discurso sobre Deus e família e agradeceu os médicos e os filhos.
Num primeiro momento, os aliados mais próximos elevaram o tom contra os concorrentes. O presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, chegou a afirmar que o PT estava por trás do momento de "autoritarismo" e Mourão chegou a responsabilizar o partido pelo atentado.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o general reconheceu que fez a citação a partir das primeiras informações que recebeu, mas manteve a crítica aos adversários e disse ter "convicção" que o crime foi premeditado por um grupo e pessoas com conhecimento no "assunto". "O episódio mostra que existem pessoas insuflando a massa. Quando a pessoa é esclarecida, esse troço de 'partir pra cima' entra por um ouvido e sai por outro. Mas sempre aparecem os homens de Neandertal", disse numa referência a Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o candidato. "Esse camarada que tentou matar o Bolsonaro é um Neandertal com um cérebro de noz moscada."
Mourão reclamou que o atentado contra Bolsonaro não tem merecido atenção por parte de entidades de direitos humanos. "Ele faz parte daquele grupo que para os direitos humanos não tem direito, morreu joga numa cova rasa e deixa lá", desabafou o general.
Em outra frente política, Mourão e outros generais da reserva do Exército estão empenhados em uma investigação paralela para auxiliar a Polícia Federal na elucidação de possíveis relações do agressor do presidenciável. "Temos plena confiança na polícia, mas vamos ajudar no que for necessário nas investigações", comentou.
Aliados de Bolsonaro observam que, até a véspera do atentado, Bolsonaro estava empenhado em mobilizar seus simpatizantes num esforço de vitória ainda no primeiro turno. A tática era tentar aumentar a força nas redes sociais para frear os ataques do tucano Geraldo Alckmin que divulgou na propaganda da TV vídeos em que Bolsonaro aparece xingando mulheres.
Agora, o esforço será retomado para tentar aproveitar ao máximo a intensa visibilidade do candidato do PSL no noticiário e a comoção nas redes e nas ruas especialmente dos eleitores indecisos.