Política

Não tem porque me responsabilizar por algo que um eleitor meu faz, diz Bolsonaro

Na entrevista, o candidato relativizou o número de mortos e desaparecidos durante a Ditadura Militar Brasileira (1964-1985

Redação Folha Vitória

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, voltou a afirmar nesta quinta-feira, 11, em entrevista à CBN, que não pode se responsabilizar por atos de violência cometidos por eleitores dele.

"São 48 milhões de pessoas. Você quer que me responsabilize por elas? Me desculpa, quem levou a facada foi eu. Lamento isso aí (atos de violência). Condenar, condeno sim. Mas não tem porque me responsabilizar por algo que um eleitor meu faz", disse o candidato.

Ditadura

Na entrevista, o candidato relativizou o número de mortos e desaparecidos durante a Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). De acordo com Bolsonaro, hoje "morrem 400 pessoas em um Carnaval e não se fala nada".

O relatório final da comissão da verdade estima que o número de mortos no período foi de 434.

Bolsonaro também se negou a comentar os crimes cometidos pelo Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi. Para o candidato, o militar não teve "nenhuma condenação transitada em julgado".

Ministério

O candidato afirmou ainda que pode indicar para o ministério de um eventual governo dele "gays, mulheres e afrodescendentes". A resposta foi a uma pergunta sobre a participação feminina em cargos do Executivo caso de ele ser eleito presidente.

"O que nós temos é que um homem vai estar no ministério, na Defesa. O resto podem ter gays, mulheres e afrodescendentes", afirmou.

Mais cedo, Bolsonaro disso em evento com militantes que, se for eleito, vai indicar o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-SP) para a Casa Civil, Paulo Guedes para a Fazenda e Planejamento e General Augusto Heleno para a Defesa.

Na entrevista, após a declaração sobre a participação feminina, Bolsonaro disse que vai deixar para depois a questão dos outros ministérios.

O candidato também voltou a negar que defenda a diferença salarial entre homens e mulheres. Para ele, o mercado é quem deve decidir esta questão.

Previdência

O capitão da reserva afirmou ainda ser contrário à reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer (MDB). "A gente tem de reformar com responsabilidade", disse. "Nós não concordamos com a reforma da Previdência de Temer, é uma colcha de retalhos."

Bolsonaro também disse não ter fechado questão em torno da idade mínima. "Pode mudar. No primeiro ano, a gente pode fazer um plano 62-57 anos", afirmou.

Ele também defendeu acabar com as incorporações nos salários de servidores públicos. "É uma farra de marajás esta aí", disse.

Privatização

O candidato disse que é favorável à privatização de empresas estatais "com responsabilidade". Para o capitão da reserva, um exemplo disso é a o de Golden share da Embraer.

"Conversei com nosso economista. No governo petista foram criadas mais de 50 empresas estatais, como a estatal do trem-bala, a TV do Lula", afirmou. "A golden share da Embraer é um bom modelo."

Bolsonaro reafirmou ainda ser contra privatizações do setor elétrico, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. "São setores estratégicos", afirmou.