Política

PDT aprova 'apoio crítico' a Haddad, mas se recusa a participar de campanha

Para justificar o posicionamento, Carlos Lupi evocou "a memória" do PDT em relação ao golpe militar de 1964

Redação Folha Vitória

O PDT aprovou nesta quarta-feira, 10, o que está chamando de "apoio crítico" à candidatura de Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, a decisão de se posicionar a favor dos petistas é mais contra Jair Bolsonaro (PSL) e "os riscos que ele representa" do que efetivamente um apoio ao projeto de governo de Haddad.

"Somos muito mais um voto contra ele (Bolsonaro), contra o risco que ele representa à democracia, aos direitos humanos, ao respeito às liberdades individuais, muito mais contra essa quase certeza dos riscos que ele (Bolsonaro) representa do que um apoio ao Haddad. Mas não vamos nos omitir (no segundo turno)", disse.

Para justificar o posicionamento, Lupi evocou "a memória" do PDT em relação ao golpe militar de 1964. "Hoje o tipo de golpe é mais sofisticado, é um golpe legitimado pelo voto popular, o que torna ainda maior os riscos à democracia brasileira. Nós já sofremos 1964, somos filhos e netos dos que sofrerão pela ditadura, somos o partido dos cassados, dos exilados, dos perseguidos e dos mortos. Não esquecemos esta memória. Em nome dessa memória que queremos alertar o brasileiro sobre essa personalidade que engana o povo", complementou.

O presidente do PDT fez questão de deixar claro, no entanto, que usar o termo de "apoio crítico" é uma referência aos ataques que o PT fez à candidatura de Ciro Gomes, durante o processo eleitoral. "É um apoio com as críticas que temos em relação ao PT, aos golpes que eles nos desferiram durante o processo eleitoral, pressões para retiradas de candidaturas. Isso é nossa crítica", disse.

A declaração de Lupi é uma referência à manobra, orquestrada com aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que atrapalhou as negociações de apoio do PSB à candidatura de Ciro, ainda durante o primeiro turno. O caso foi encarado como uma rasteira do PT no partido.

Na ocasião, os petistas retiraram candidaturas em outros Estados para não atrapalhar nomes do PSB que disputavam os mesmos cargos. Em troca, os socialistas se comprometeram a ficarem neutros no primeiro turno, em vez de apoiarem o presidenciável do PDT.

Lupi voltou a dizer, no entanto, que ninguém da direção do PDT irá participar da campanha de Fernando Haddad no segundo turno, apesar dos acenos que Haddad vem fazendo à sigla. Segundo Lupi, Ciro não irá colaborar ou mesmo subir no palanque com Haddad. Pelo contrário, a partir de 28 de outubro, o partido irá lançar a candidatura de Ciro Gomes para 2022.

"Não faremos nenhuma reivindicação. Será um voto claro sem participação na campanha e com a certeza de que não participaremos de nenhum governo, mesmo se Haddad ganhar a eleição. Vamos começar a construir agora 2022, já estamos decididos a lançar a candidatura de Ciro Gomes", afirmou.