
De acordo com um estudo da Universidade de Utah publicado na revista Neurology em 2025, os problemas de memória estão crescendo entre adultos com menos de 40 anos, o que acende um alerta sobre saúde cerebral e hábitos de vida. Os dados mostram que a proporção de jovens que relatam dificuldades cognitivas quase dobrou na última década, passando de 5,1% em 2013 para 9,7% em 2023.
Embora os motivos ainda não sejam totalmente claros, os pesquisadores apontam uma combinação de fatores como sono irregular, estresse crônico, uso excessivo de telas e má alimentação.
Cérebro sob pressão
O aumento dos relatos de lapsos de memória e dificuldade de concentração entre jovens reflete um estilo de vida cada vez mais acelerado e fragmentado. A privação de sono, o estresse constante e o consumo exagerado de informações sobrecarregam o cérebro e isso se reflete diretamente na cognição.
Além de alterar hormônios importantes, como o cortisol e a melatonina, o estresse crônico afeta o metabolismo de nutrientes essenciais para a função cerebral, como magnésio, zinco e vitaminas do complexo B. Sem uma boa reposição, o organismo entra em um ciclo de fadiga mental e dificuldade de foco.
O que atrapalha a memória
Alguns alimentos e hábitos têm efeito direto na piora da memória e da concentração. Entre eles:
- Excesso de açúcar: picos de glicose favorecem inflamações e reduzem a plasticidade neuronal.
- Ultraprocessados ricos em gorduras trans e sódio: alteram a microbiota intestinal e prejudicam a comunicação entre intestino e cérebro.
- Cafeína em excesso e consumo de álcool: desregulam o sono e aumentam o estresse oxidativo no sistema nervoso.
- Dieta pobre em frutas e verduras: reduz a ingestão de antioxidantes, fundamentais para proteger os neurônios.
O que fortalece a mente
A boa notícia é que o cardápio pode ser um grande aliado da memória.
- Peixes ricos em ômega-3 (como salmão, sardinha e atum) melhoram a comunicação entre os neurônios.
- Ovos e carnes magras são fontes de colina e vitamina B12, nutrientes envolvidos na formação da acetilcolina, neurotransmissor essencial para a memória.
- Frutas vermelhas, cúrcuma e cacau são ricos em compostos antioxidantes e anti-inflamatórios.
- Aveia, feijões e vegetais verde-escuros contribuem para a liberação gradual de energia e para o bom funcionamento cognitivo.
Além disso, deficiências de vitamina B12, vitamina D e folato (B9) estão associadas à piora da memória, da concentração e ao aumento do risco de declínio cognitivo. Esses micronutrientes participam de processos como a produção de neurotransmissores e a proteção dos neurônios contra o estresse oxidativo, por isso devem ser avaliados em exames e corrigidos quando necessário.
Sono e nutrição: uma dupla inseparável
O estudo também aponta o sono como um dos pilares da saúde cognitiva. É durante as fases mais profundas do descanso que o cérebro consolida memórias e “limpa” resíduos metabólicos que afetam a atenção.
Dietas ricas em triptofano, aminoácido presente em alimentos como banana, aveia, grão-de-bico e iogurte, favorecem a produção de serotonina e melatonina, ajudando a regular o sono e o humor.
Equilíbrio e prevenção
Mais do que buscar suplementos para turbinar o cérebro, o foco deve ser o equilíbrio do dia a dia. Comer bem, dormir o suficiente, se desconectar das telas por algumas horas e manejar o estresse com atividades prazerosas são atitudes que preservam o corpo e a mente.
O aumento dos problemas de memória entre jovens adultos mostra que a saúde cerebral é um reflexo do estilo de vida. E o que colocamos no prato e na rotina pode ser o primeiro passo para mudar essa tendência.