DPU convoca reunião de emergência sobre tratamento de câncer no Rio
Mais de mil pessoas aguardam atendimento para a primeira consulta com especialista
A Defensoria Pública da União (DPU) convocou uma reunião de emergência, com todos os diretores da rede federal de hospitais que tratam câncer no Rio, para encontrar uma solução para a crise no tratamento à doença. A decisão foi tomada pelo defensor regional de Direitos Humanos, Daniel Macedo, após reunião, nesta segunda-feira (20), com a juíza Andrea Barsotti, titular da 4ª Vara Federal, e com o juiz substituto da vara, Mario Victor Francisco de Souza.
O defensor apontou que há 1.012 pessoas na fila para a primeira consulta com especialista, sem a qual o tratamento não pode ser começado. A demora para começar a tomar os medicamentos pode diminuir as chances de cura e aumentar as chances de morte do paciente.
“Nós demonstramos a situação de colapso vivenciada no estado do Rio de Janeiro na atenção oncológica. Expliquei a consequência dessa omissão por parte do Ministério da Saúde na vida desses pacientes e o tempo de espera. A gente aguarda agora uma decisão”, contou Macedo.
Enquanto a Justiça não decide o que será feito, o defensor já convocou uma reunião, para esta semana, com todos os envolvidos.
“Eu já me antecipei, convoquei uma reunião, nesta quinta-feira (23), às 14h, na Defensoria Pública da União, com a presença do diretor-geral do Inca [Instituto Nacional do Câncer], dos diretores do Inca 1, 2 e 3, e de cada diretor dos seis hospitais federais, com a presença do Ministério Público Federal, para pré moldarmos uma solução, para quando chegar ao juiz, a solução já estiver mais factível”, contou o defensor.
Segundo ele, atualmente o paciente passa por um verdadeiro périplo para conseguir começar o seu tratamento: “O paciente demora de um a dois meses para conseguir uma primeira consulta na Clínica da Família. Quando chega lá, o clínico geral solicita a realização de exames. Aí demoram mais três meses para conseguir esses exames. Já são cinco meses. Esse médico pede uma vaga na rede federal, para o paciente ser atendido por um médico oncologista. Demora até quatro meses. Então o paciente pode demorar nove meses para chegar na porta de um hospital federal. Quando a lei determina que, do diagnóstico da doença até o início do tratamento, não tenha prazo superior a 60 dias”, disse Macedo.
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde informou que o Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) está chamando todos os oncologistas necessários para reforçar o atendimento nos seis hospitais federais no Rio de Janeiro, entre os inscritos no processo seletivo deste ano. Todos os dias, 77 pacientes oncológicos ingressam nas três emergências de porta aberta à população – pelos hospitais federais de Bonsucesso, Andaraí e Cardoso Fontes – e são absorvidos pela rede do ministério para serem tratados e internados devido à doença.