A língua pode ficar escura após uso de medicamentos? Saiba mais

Foto de Dra. Martha Salim
Dra. Martha Salim

Recentemente um artigo cientifico publicado do The New English Journal of Medicine
mostrou o caso de uma mulher que apresentou alteração da coloração da língua após uso de antibióticos.

De acordo com a American Academy of Oral Medicine, o tecido da superfície da língua é coberto por papilas filiformes, que medem cerca de 1 milímetro de comprimento.
Em circunstâncias normais, as papilas de uma língua saudável são rosadas, e elas caem e se regeneram continuamente.

Essas projeções de tecido acumulam bactérias e outras substâncias, podendo causar alteração na coloração da língua. Em alguns pacientes, a descamação não ocorre como deveria e as papilas crescem mais do que o normal, dando à língua uma aparência cabeluda.
As papilas da língua podem sofrer alteração da cor por diversas razões, que incluem tabagismo, excesso de café ou chá e má higiene bucal.

A alteração da cor, associada ao crescimento das papilas, pode levar a uma condição chamada língua negra pilosa.

A língua pilosa não necessariamente terá aspecto escurecido, negro ou acastanhado, mas podem se tornar escurecidas devido a pigmentação ocasionada pelo acumulo de substâncias corantes externas presentes nos alimentos; bebidas escuras como café, vinhos; pelo tabagismo; pelo acumulo bactérias devido a má higiene bucal ou até mesmo pelo uso de alguns colutórios bucais a base de clorexidine ou de medicamentos como os antibióticos.

O tratamento é simples e basta identificar e suspender as condições causadoras. No caso do artigo apresentado pela The New English Journal of Medicine, foi interrompido o uso do antibiótico e quatro semanas depois a língua da paciente voltou ao normal.

Além disso o uso indevido ou prolongado de antibióticos pode alterar a flora bucal e ocasionar infecções oportunistas como a candidíase oral. Apesar do aspecto inestético e pode gerar algum estigmatismo social, a língua pilosa não é uma doença transmissível ou que necessite de intervenção.

LEIA TAMBÉM: Birra infantil é coisa séria; entenda

Foto de Dra. Martha Salim

Dra. Martha Salim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP); Mestrado em Patologia Bucodental (UFF); Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ); Capacitação em Odontologia Do Sono; Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso; Graduação em Odontologia (UFES); Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS). Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim