A maravilha de ser humano: entenda as características que nos tornam especiais

Foto de Andrea Camargo
Andrea Camargo

Dizia o Coro de Antígona de Sófocles (cerca de 442 A.C): “Há muitas maravilhas, mas nenhuma é tão maravilhosa quanto o homem. Ele … Que amansa o feroz touro das montanhas, soube aprender sozinho a usar a fala/e o pensamento mais veloz que o vento…”

O maior poeta trágico da Antiguidade Grega, ressalta algumas características que fazem do homem um ser único e especial.

Para Jaderson Costa da Costa, neurocientista brasileiro, que já escreveu quase 50 livros sobre temas ligados à neurologia, o ser humano é singular nas liberdades face aos determinismos em relação aos quais os restantes dos animais estão submetidos.

Este é o homem cuja identidade aberta, flexível se molda conforme as escolhas morais. Ou seja, somos seres incompletos, imperfeitos, entretanto, estamos na busca da transcendência.

Ocorre que, o homem, na procura desenfreada por soluções de comportamento, de saúde, relacionamento social, e até mesmo sobre o espírito, parece querer cada vez mais nos tornar menos humanos e mais máquinas.

Isso porque, o homem robô já não é coisa do futuro, e sim do presente. Filmes como: “Eu, o Robô” já brilharam no interesse e curiosidade da sociedade, mas tornar o homem cibernético é motivo de muitas discussões e temores. A Inteligência artificial cresce em progressão geométrica.

Aonde isso tudo vai parar?

A revista Times publicou uma matéria apostando que em 2045 o homem vai se tornar imortal, isso causou uma visão apocalíptica, porque as previsões são as mais variadas surpresas, com a nanotecnologia e a capacidade de rejuvenescermos, de ficarmos menos suscetíveis ao câncer ou a doenças cardiovasculares, além de aumentar a produtividade e diminuir os gastos com saúde.

Já estamos nos tornando seres híbridos, modificados, por termos marca paços, próteses de todos os tipos, dentre tantas outras intervenções que ousam interferir no processo de evolução humana. Será que o simples fato de acertarmos nossa visão com óculos já nos torna seres híbridos?

Agora não seríamos mais homo sapiens, mas sim cyber sapiens? Esse é o questionamento do professor Costa da Costa.

Mas até onde essa transformação toda vai nos trazer mais felicidade?

Por enquanto vivemos amplificando a tecnologia para o autocuidado e auto rastreamento: quanto caminhamos, contamos nossos passos; quando comemos, contamos nossas calorias; quando ficamos doentes, rastreamos nossa oximetria. Já estamos compartilhando a tecnologia com a biologia, assegura o neurologista professor da Puc do Rio Grande do Sul.

Mas para que o homem criaria máquina para substitui-lo? Haverá um limite?

Como no paradoxo de Teseu da Mitologia grega, quando ele, filho de Egeu, rei de Atenas, ao navegar para derrotar o minotauro teve ao longo de todo o tempo que ir substituído as peças do seu navio por peças novas e ao colocar as peças antigas em um galpão puderam construir outro navio, e aí se depararam com o questionamento: qual seria o navio de Teseu? O antigo ou o novo? As mudanças tornaram impossíveis de precisar qual seria o verdadeiro.

Assim, com essa reflexão do neurologista Jaderson Costa da Costa podemos perguntar:

E o homem será o mesmo, quem será o verdadeiro homem?

Vamos conseguir sobreviver a esse processo? A nossa maior característica humana é o fato de possuirmos emoções e sermos seres sociais.

O professor destaca como o ponto alto da nossa humanidade a transcendência: “Nosso diferencial são nossas habilidades interpessoais e comportamentais, como a flexibilidade, resiliência, afeto, intuição, ética, empatia, a transcendência e a espiritualidade, a chamada transcendência horizontal.”

Acredito que enquanto não conseguirem colocar emoção dentro dos robôs a espécie humana estará a salva, porque não foi a nossa inteligência e nem nossa racionalidade que fez com que a raça humana sobrevivesse desde 350 e 200 mil anos atrás até hoje, mas sim a nossa característica de sermos seres sociais, capazes de viver em grande grupo, permitindo o aconchego, a segurança, o alimento e a saúde uns dos outros.

Que não percamos essa nossa essência, característica essa que nos diferencia de qualquer outro animal.

LEIA TAMBÉM: Corpo saudável e boca doente: porque isso é tão frequente?

Foto de Andrea Camargo

Andrea Camargo

Sócia fundadora da 4U – Startup de bem-estar físico e mental. Pós-Graduada em Neurociências e Comportamento pela PUC-RS. Doutoranda PUC SP. Master e Licenciada pela StarEdge dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA. Advogada Empresarial e Mestre em Garantias e Direitos Fundamentais. Prof. de cursos profissionalizantes sobre comportamento, empreendedorismo jurídico e inteligência emocional. @4uinteligenciaemocional